Puig negocia compra de participação na brasileira Granado

O grupo espanhol de moda e perfumaria Puig SA se encontra em negociações avançadas para comprar uma participação minoritária no Grupo Granado, fabricante e varejista brasileiro de produtos de beleza de alta gama que busca expandir suas fronteiras, disseram quatro fontes próximas do assunto.

A Puig, que tem sua sede em Barcelona e é proprietária de marcas como Carolina Herrera e Jean Paul Gaultier, poderia pagar 1 bilhão de reais (cerca de 274 milhões de euros) por uma participação de até 30% na Granado, disseram duas das fontes, que pediram anonimato porque as negociações são privadas.
 
O ex-banqueiro Christopher Freeman, que comprou a Granado da família fundadora de mesmo nome em 1994, quer um sócio que ajude a empresa, com sede no Rio de Janeiro, a impulsionar uma expansão internacional que começou há três anos com a abertura de uma pequena loja em Paris, disse uma terceira fonte à Reuters.

Ambas as partes estão trabalhando para anunciar um acordo em questão de dias, disseram as fontes, que acrescentaram que a Puig destacou que uma série de empresas de capital privado e rivais estratégicos mostraram interesse preliminar na Granado. Freeman começou a buscarum sócio minoritário no início do ano, segundo as mesmas fontes.
 
Os esforços para colocar-se em contato com a equipe de comunicação da Puig fora do horário comercial tiveram êxito e a Granado não quis fazer comentários.
 
A participação da Granado poderia ajudar a Puig a crescer no Brasil, um país de 205 milhões de habitantes que, além disso, é o terceiro mercado mundial de cosmética e produtos de beleza.
 
A Puig, um negócio familiar em sua terceira geração, administra licença de marcas como Prada e Valentino e comercializa perfumes famosos em mais de 150 países.
 
Fundada em 1870 pelo farmacêutico português José Antônio Coxito Granado, a Granado conseguiu evitar o impacto da recessão mais grave no Brasil em oito décadas, dirigindo as vendas dos seus sabonetes de glicerina, cremes de barbear, esmaltes de unhas e talcos para o corpo para uma clientela abastada.
 
A Granado, que obteve receitas de 380 milhões de reais no ano passado, conseguiu um crescimento de 20% na última década, de acordo com a terceira fonte.
 
A Granado contratou como assessores para a transação as filiais do de investimento Itaú Unibanco Holding SA e Grupo BTG Pactual SA, acrescentaram as fontes. Os bancos não quiseram se pronunciar.
 
O ex-banqueiro de investimento do Citigroup, Freeman e sua filha Sissi passaram a última década a aperfeiçoar o foco de negócios da companhia e sua imagem, representada num logo de desenho vintage e uma decoração de estilo antigo em suas lojas que imitam as farmácias do princípio do século XX.
 
As três divisões da Granado administram uma rede de 47 lojas no Brasil, uma rede de distribuição e uma planta onde se fabricam os produtos estrela da companhia. Os produtos mais reconhecidos da Granado incluem a Phebo, a primeira marca brasileira de perfumaria de luxo e sabonete de glicerina, que Freeman comprou em 2004.
 
Por sua vez, a presença da Puig nos mercados emergentes tem crescido nos últimos anos, ajudando a empresa a desvincular-se de anos de crescimento fraco na Espanha. Atualmente, 47% das receitas da empresa são oriundos de países com economias emergentes, fora da União Europeia e da América do Norte.
 
No ano passado, a Puig obteve um lucro líquido de 126 milhões de euros (457 milhões de reais) e volume de negócios de 1.645 bilhão de euros. A companhia espanhola espera alcançar um faturamento de 2 bilhões de euros nos fins do ano que vem.