Pierre Bergé morre aos 86 anos
Antigo companheiro do estilista Yves Saint Laurent, ex-CEO de sua marca de alta-costura, mecenas, grande amante da moda e da arte, Pierre Bergé, morreu na sexta-feira (8), em sua casa em Saint-Rémy-de-Provence, na França, aos 86 anos.

"Se Pierre Bergé não existisse, ele teria que ser inventado. Ele faz negócios como um artista. Nisso, ele é único". É assim que Yves Saint Laurent definiu Pierre Bergé ao final da apresentação de sua primeira coleção, em 29 de janeiro de 1962. O antigo parceiro do designer, mecenas e empresário, morreu no dia 8 de setembro de 2017 aos 86 anos.
Pierre Vital Georges Bergé nasceu em 14 de novembro de 1930, em Saint-Pierre d'Oléron, na Charente-Maritime, França, e passou cinquenta anos de sua vida ao lado de Yves Saint Laurent. Foi seu confidente, protetor e seu pilar na vida profissional, e manteve a memória do designer viva através de suas criações, após sua morte em 1 de junho de 2008.
Os dois fundaram a marca Yves Saint Laurent em 1962, um ficou responsável pela criação e o outro pela gestão. Eles conseguiram transformar a marca em uma referência para o luxo e a moda franceses, superando os problemas financeiros e de saúde do designer até Yves Saint Laurent se aposentar em 22 de janeiro de 2002, após seu último desfile de moda de Alta-Costura, uma retrospectiva após 40 anos de criação.
Mas a carreira de Pierre Bergé não se resume apenas a seu trabalho na Yves Saint Laurent. O empresário fundou o grupo Mode et Création (Moda e Criação) para representar os criadores de prêt-à-porter na Chambre Syndicale de la Mode, onde assumiu a presidência em 1974. Entre os criadores estavam Yves Saint Laurent, Christian Dior, Emmanuel Ungaro, Chloé, Dorothée Bis, Sonia Rykiel, Kenzo e Emmanuelle Khanh. Bergé criou também o Instituto Francês da Moda (IFM), em 1986, com o objetivo de formar um centro de treinamento e especialização para profissionais da moda e do têxtil.
Sua trajetória foi muito diferente da que lhe estava predestinada. Pierre Bergé, um apaixonado pela literatura, chegou a Paris aos 18 anos e abriu uma livraria com edições originais. Ele sonhava em ser jornalista ou escritor e se aproximar de Cocteau, Aragon, Albert Camus ou até mesmo Sartre. Finalmente ele conseguiu combinar tudo.
Pierre Bergé escreveu vários livros, dois deles dedicados à sua metade: "Cartas para Yves" e "Yves Saint Laurent: uma paixão marroquina". Quanto ao jornalismo, em 1990, ele investiu na criação da revista Courrier International e, cinco anos depois, na revista gay Têtu. Eventualmente se tornou acionista majoritário do grupo Le Monde em 2010, em associação com Xavier Niel e Matthieu Pigasse.
Um militante reconhecido por seu engajamento, Pierre Bergé não escondia suas idéias políticas e as defendia. Ele apoiou vários candidatos às eleições presidenciais francesas, incluindo François Mitterrand, Jacques Chirac, Ségolène Royale e, por fim, Emmanuel Macron. Pierre Bergé defendeu a causa homossexual e a luta contra a AIDS, presidindo a associação Arcat-Sida e então co-fundadora da Sidaction, em 1994.
Essas inúmeras atividades nunca prejudicaram sua dedicação a Yves Saint Laurent, que ele honrou até sua morte.
Pierre Bergé foi nomeado Mecenas das Artes e Cultura em 2001 e, com a ajuda da Fundação Pierre Bergé - Yves Saint Laurent, inaugurada em 2004, realizou a exposição "Yves Saint Laurent, Dialogue avec l’art" (Yves Saint Laurent, Diálogo com a arte).
Casado com o paisagista americano Madison Cox em março de 2017, Pierre Bergé, mais uma vez, ancorou Yves Saint Laurent e seu trabalho na cultura e memória francesas com dois museus que serão inaugurados em outubro. Um em Paris, na 5 avenue Marceau no 16º arrondissement, antigo endereço da casa de alta-costura e agora sede da fundação, e outro em Marrakech, no Marrocos, perto do Jardim Majorelle, comprado pela dupla em 1980.
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