UseFashion
9 de nov. de 2010
Minas Trend Preview: balanço 2º e 3º dias
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9 de nov. de 2010
O Minas Trend Preview deu a largada com desfile curado por Ronaldo Fraga, com styling de Daniel Ueda, dado por bordados e preciosismos. À medida que ocorreram as demais apresentações, todo o brilho foi justificado. Boa parte das marcas acreditou nele. Um clima de ostentação barroca dita o compasso do evento, aprofundando uma identidade made in Minas.
Quarta-feira, 3 de novembro



Áurea Prates
A cultura barroca mineira, incluindo arquitetura, serviu de inspiração para o desfile de estreia da marca Áurea Prates nas passarelas do Minas. Coleção branca e romântica, recheada de bordados, babados e outros detalhes. A alfaiataria pontual equilibra a inclinação por açucarar o conjunto.
Blue Banana
Istambul seduziu a diretora criativa da Blue Banana, Kátia Ignácio, que optou por dedicar a coleção da marca à cidade. A homenagem trouxe consigo o acervo das tradições turcas. Na lista, entram a cultura otomana, o fascínio por sultões, os bordados em metal, as estampas adamascadas, os vestidões e as tramas.
Mary Design
Coisas Incríveis que se “faz com pouco”. Poderia ser esse um dos nomes da coleção Mary Design, toda fundamentada na arte popular brasileira. Para resolver o desafio que é desfilar acessórios, foram usados dois recortes em formato de vestido, um para a parte da frente e outro para a de trás.
Com essa ideia simples, as garotas se transformaram em algo próximo a bonecas de papel e, sobre elas, os grandes colares brilharam sem concorrência visual à altura. Feitos somente com materiais pobres, de barbante a palito, e artesanalmente complexos, os acessórios da Mary dão testemunho de uma riqueza distinta daquela que entendemos como luxo, mas ainda assim deslumbrante. E há sempre um capital poético e cultural investido neles, capaz de mobilizar, sem volta, a sensibilidade de quem usa.




Faven
Um contraponto entre o concretismo e o barroco é o que anunciava o release da marca, que entregou shapes abertamente anos 1970, complementados por algumas estruturas godês, e sustentados por tricô tátil e inovador. Desfile consistente, com muitas texturas em superfícies enriquecidas por fios brilhantes, cartela escura de pretos e dourados, gama de neutros e um vermelho vibrante, nos padrões em jacquard de pássaros, penas e plumas.
Cavalera
Ao som de Nirvana, Cavalera levou grunge renovado para a passarela, com moletons folgados, jeans e camisetas que sequestram irremediavelmente o desejos do público da marca. Só básicos bem concebidos no mix, atravessados por referências da cultura urbana e cheios de estilo nas proporções. Certamente estarão à venda nas lojas. Mais certo ainda é que irão para as ruas.
Rogério Lima
Rogério Lima é marca de bolsas que deu guinada forte em direção ao luxo e acertou no alvo. Ou seja, safou-se dos perigos desse ambiente denso sem se perder em algum lugar do passado nem na afetação inútil. No momento, difícil encontrar bolsa com tanta vivacidade quanto a dele.
O segredo desse frescor de base clássica reside no engenho técnico do designer, que lhe permite se arriscar em capitonês perfeitos e imprimir invejável leveza ao couro, somado ao crescente entendimento de onde ele quer chegar. Com modelagem apoiada em formatos valise e baú e cartela de verniz liso, couros macios e tecido xadrez, a coleção se articula com desenvoltura rara entre a tradição e a contemporaneidade.
Fause Haten
Fause Haten mostrou moda festa ambiciosa, em comprimentos médios e longos, e adicionou transparência e estamparia na receita de exotismo, com etnias se trombando em colares enormes, turbantes e caftans usados com luvas. Como tem feito nas últimas temporadas, o rapaz cantou de novo para a audiência.
Quinta-feira, 4 de novemnro




Celso Afonso
Outra marca de bolsas e outra forma de solucionar um desfile com elas. Para a coleção-homenagem à Hermès, com direito a temas de equitação na estamparia, bando de rapazes sem camisa esquentando o clima e garotas de robe levando coleção colorida e otimista, em formatos médios na maior parte.
Última Hora
Seventies total na coleção já grudada nas tendências internacionais das últimas semanas de moda. Entenda como mix de saias e vestidos longos, cintos de couro e bolsas com franjas. O clima campestre é balanceado por calças flare, alguma peças ajustadas e casaquetos, e pelo preciosismo dos materiais e bordados, evoluindo para looks mais densos no final.
Apartamento 03
A base da pesquisa da marca foi a obra do veterano fotógrafo francês Gilbert Garcin, autor de imagens de sabor surrealista inesquecíveis e um mestre do p&b. O resultado foi um dos melhores até agora. Nada de cores, boa pesquisa têxtil e modelagem inspirada e diversificada.
Claudia Arbex
À medida que os desfiles se sucedem, fica explicado o porquê do preciosismo que marcou a edição de abertura, com muito brilho e bordado ditando o compasso do Minas Trend. Marca de acessórios, Claudia Arbex apresentou coleção também alinhada nessa ideia. Solução bacana com modelos pintadas de negro e peças muito elaboradas. Ponto para os desenhos que flertam com a roupa, como os colares-lenço e as peças de ombro.




Chou Chou
Segunda marca da Patachou, Chou Chou encarna a condição de filha com alma pop e irreverência cosmopolita. Moletom e estampas fofas com direito a muitos corações a serviço de garotas desavisadas que carregam pingente escrito: “Eu sou rica!”. Não é de acrescentar muito, mas é ligeiro e eficiente sem complicações.
Patachou
O descompasso da Patachou talvez se explique como uma drenagem de forças, já que a 2ª etiqueta foi bem e esta não. Alguns looks não conversaram com outros, gerando um conjunto meio desencontrado. Apesar disso, diversas tendências da temporada estavam lá presentes: xadrez, veludo, pele falsa (com animal print), macacão, cintura marcada, brilhos e a meia 3/4, é claro.
Samuel Cirnansck
Bem humorada e recheada de acertos foi a apresentação do Cirnansck, como era de se esperar com pontos altos por conta dos vestidos. Curtos de renda preta estão entre os melhores, mas há muitos outros. Seja com transparências, barras fartas, ajustes ou amplitudes, em vermelho, preto ou rosados, de uma forma ou de outra a coisa funciona. O mesmo não vale para a desastrosa parte masculina.
Victor Dzenk
O estilista tem a bússola apontada para o mesmo ponto. Gosta de exageros, glamour old school e não perde o norte. Desta vez, enfileirou show girls, Las Vegas do passado e cassinos com muito dourado, brilho, plumas e estamparia digital. As clientes aplaudem, vão atrás, e o Victor, confiante, acelera ainda mais o passo em direção a ele mesmo.
Fotos: © Agência Fotosite
Eduardo Motta
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