AFP
Novello Dariella
30 de jan. de 2020
Vida comercial de Kobe Bryant foi brilhante, mas acidentada
AFP
Novello Dariella
30 de jan. de 2020
Kobe Bryant, a lenda do basquete que faleceu no domingo (26), conseguiu uma grande fortuna graças ao seu talento e excelentes decisões financeiras, embora um escândalo em 2003 e uma personalidade um pouco complexa o tenham impedido de se igualar seu ídolo no mundo dos negócios, Michael Jordan.
Ao longo de sua vida, Kobe Bryant teve um objetivo. "As pessoas não entendem o quanto estou obcecado com a ideia de vencer", disse ele em 2013 em uma entrevista. "Black Mamba", um de seus muitos apelidos, falava em termos esportivos, mas seu espírito competitivo não parava nas quadras.
Em termos de salário, depois de jogar ao lado de Shaquille O'Neal no Los Angeles Lakers por oito temporadas e concordar em ganhar menos do que em outras equipes, ele o alcançou. O jogador conseguiu superar um total de 20 milhões de dólares ao ano, embora as três últimas tenham sido marcadas por uma série de lesões graves e um desempenho em declínio. No total, ele recebeu 323 milhões de dólares em 20 temporadas, o segundo maior total da história da NBA, atrás de Kevin Garnett (334).
Fora do campo, ele conquistou cerca de 356 milhões de dólares em contratos de publicidade e parcerias durante sua carreira como jogador (até 2016), segundo a revista Forbes. No centro dessa plataforma publicitária idealmente sediada em Los Angeles, a capital mundial do entretenimento, está a marca esportiva Nike, à qual se associou em 2003 após uma aventura fracassada com a Adidas. Até o ano passado, a marca pagava um total de 16 milhões de dólares, segundo a Forbes, mais do que qualquer outro jogador ativo, exceto LeBron James e Kevin Durant.
No entanto, a colaboração começou mal, porque apenas alguns dias após a assinatura do primeiro contrato, Kobe Bryant foi preso no Colorado, após uma funcionária do hotel onde ele estava hospedado tê-lo acusado de estupro. O caso acabou não sendo levado a julgamento, pois a suposta vítima se recusou a testemunhar na audiência, mas a reputação do jogador dos Lakers seria permanentemente manchada. Um de seus patrocinadores, a cadeia de fast food McDonald's, rompeu sua relação comercial com o atleta, assim como a Nutella.
O fator China
Embora o californiano por adoção tenha firmado outras parcerias posteriormente, como com a Turkish Airlines e a fabricante de computadores Lenovo, sua imagem nunca se recuperou totalmente desse escândalo. No entanto, a Nike, conhecida por sua lealdade aos atletas, manteve sua confiança em Kobe Bryant e, a partir da temporada 2005-06, começou a lançar um novo par de tênis com seu nome anualmente.
Mas, nos Estados Unidos e no Ocidente, o jogador, embora amplamente considerado como um dos melhores da história da NBA, nunca conseguiu se igualar a Michael Jordan, a referência absoluta no setor esportivo. Isso devido à sua personalidade individualista e às vezes distante, menos atrativa que a de LeBron James ou mesmo Michael Jordan, que, no entanto, era capaz da mesma dureza, mas com um exterior encantador.
Interessado nos negócios e mais aberto ao mundo do que muitos outros atletas americanos, depois de morar na França e na Itália, Kobe Bryant não esperou o fim de sua carreira esportiva para ampliar seus horizontes. Ele foi um dos primeiros a explorar o potencial do mercado chinês, desde o início dos anos 2000.
Graças a inúmeras visitas, comerciais filmados para este mercado e várias iniciativas humanitárias, o nativo da Filadélfia se tornou uma lenda na China. Suas camisetas, tênis e produtos foram um grande sucesso, o que lhe garantiu uma fonte significativa de renda.
Além disso, o cinco vezes campeão da NBA foi um dos pioneiros de uma nova geração de atletas que procuravam se posicionar como investidores e não apenas como imagens publicitárias. Em 2014, ele comprou 10% das ações do grupo de bebidas energéticas BodyArmor por 6 milhões de dólares. Quatro anos depois, essas mesmas ações foram avaliadas em 200 milhões de dólares após a entrada do grupo Coca-Cola.
Por meio de sua empresa de investimentos, Bryant Stibel, Kobe Bryant também adquiriu uma participação na plataforma esportiva The Players Tribune e no editor de videogames Epic Games. Ele também fez uma incursão notável no cinema, com o curta-metragem animado "Dear Basketball", escrito por ele, que recebeu um Oscar em 2018.
A aposentadoria de sua carreira esportiva deu a Kobe Bryant uma imagem mais pacífica, uma vez que o competidor feroz se tornou mentor de outros jogadores. Com uma popularidade notavelmente crescente e o desejo expresso de continuar participando ativamente no mundo do basquete, não havia dúvidas de que Kobe Bryant permaneceria por muito tempo uma figura proeminente no esporte e um favorito dos anunciantes.
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