Por
Portugal Textil
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Publicado em
5 de jul. de 2011
5 de jul. de 2011
Subsídios ao algodão em discussão
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Portugal Textil
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5 de jul. de 2011
5 de jul. de 2011
As maiores potências econômicas mundiais desistiram de tentar chegar a um acordo mundial de comércio até o final de 2011. Em vez disso, optaram por procurar um pacote que beneficie os países mais pobres.
Pascal Lamy, diretor da Organização Mundial do Comércio (OMC), que está patrocinando as negociações, indicou que o foco agora está em tentar chegar a um acordo no acesso sem quotas nem taxas, e em regras de origem mais simples para os exportadores dos países mais pobres, assim como dar um «passo em frente» para o algodão até a data que os ministros do comércio vão se reunir em Genebra, de 15 a 17 de Dezembro.
Os subsídios ao algodão estão no centro de uma discussão entre os países produtores deste bem natural. Foto: Corbis |
As nações exportadoras de vestuário menos desenvolvidas, lideradas por Bangladesh, e os exportadores de algodão, liderados por Burkina Faso, que irá falar em nome do “quarteto do algodão” (que inclui o Mali, o Benin e o Chade), acolheram bem a decisão.
Mas fontes diplomáticas afirmam que mesmo com as conversas sobre grandes temas – taxas industriais, agricultura e serviços – em suspenso durante pelo menos seis meses, o pacote de medidas para os países mais pobres pode ainda ser difícil de se conseguir.
As maiores preocupações estão relacionadas aos atritos em termos de acesso preferencial a mercados – especialmente para vestuário – dos países menos desenvolvidos (LDC na sigla em inglês) da África em mercados ricos e por outros exportadores em desenvolvimento, como o Paquistão.
Fontes afirmam que a principal prioridade dos EUA é assegurar a aprovação dos acordos de livre comércio com a Coreia do Sul, Colômbia e Panamá – e que o momento não é apropriado para tocar em assuntos sensíveis como o corte de subsídios à produção de algodão e o maior acesso a grandes exportadores de vestuário dos LDC, como o Bangladesh e o Cambodja.
Mas o algodão também emergiu como um tema de discórdia entre os EUA e a China. «Sempre fomos honestos que seria muito difícil para nós chegar a uma resolução sobre o algodão que estivesse desligada de um conjunto de resoluções mais abrangente e significativas na agricultura», sublinhou Michael Punke, embaixador dos EUA na OMC.
Punke criticou ainda a China por não ter fornecido, desde 2004, detalhes à OMC em relação aos seus subsídios. «Os programas de algodão de todos devem estar em cima da mesa», afirmou.
O embaixador americano considera que a China «iniciou ou expandiu significativamente os subsídios para beneficiar o seu setor de algodão» e marcou de forma indubitável a posição dos EUA. «Deixem-me ser claro: não iremos negociar no escuro».
Um responsável do comércio chinês, falando sob a condição de anonimato, contrapôs que os subsídios americanos atingiram os 3 bilhões de dólares (2,08 bilhões de euros) e fizeram cair os preços mundiais em 13%. Isto não só causou dificuldades para os agricultores pobres de algodão na África e na China, como também «retirou quota de mercado aos produtores africanos pobres».
Na China, a quota de algodão americano subsidiado aumentou de 17% para 43% de 1999 a 2005, indicou, enquanto a quota de mercado dos “quarteto do algodão” africano caiu abaixo dos 10%.
A única solução «é a eliminação dos subsídios dos países desenvolvidos de uma forma expedita», afirmou.
Em 2009, a China ultrapassou os EUA como o país que mais subsídios deu ao algodão, com os produtores a receberem 1,96 bilhões de dólares em 2009/2010, segundo um estudo da Fairtrade Foundation.
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