UseFashion
1 de fev. de 2011
SPFW: balanço 1º dia
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1 de fev. de 2011
Calor beirando o insuportável e coletiva de imprensa concorrida marcaram a largada da edição de 15 anos da semana paulista, agora com o espaço totalmente repaginado. Entre os acertos está a bela concepção da entrada, finalmente adequada à grandiosidade e à natureza do que rola por aqui. Quem viu o público se deliciando em desfilar pela enorme passarela de madeira, à beira do espelho d’água, sabe do que estou falando. Outra curiosidade é a reabilitação das samambaias. Isso mesmo. Há muito fora da lista das plantinhas cool, elas são as protagonistas da cenografia do prédio da Bienal, e já tem muita gente pensando em cultivar uma em casa outra vez. Voltando ao que importa, os desfiles, hoje foi dia de Animale, Tufi Dueck, Samuel Cisnansck e Triton. Esta, outra vez com Paris Hilton puxando o casting e hordas de paparazzi.
Animale
A coleção da Animale é o resultado de um exercício minimalista sobre o universo da selaria. A afirmação não é minha, e sim da divulgação da marca, e a mistura complexa rendeu cartela clara e roupa sem rigores de inverno. A alfaiataria dá suporte técnico para os cortes engenhosos e para o detalhamento complexo que norteia o trabalho da estilista Priscila Darolt, mas é a silhueta alongada que define o conjunto. Vale citar os tricôs de lã de alpaca, o trato refinado com o couro e a sofisticação da experimentação têxtil. Com imagem de moda forte, e em meio a tanto rigor, desafinam as fendas que teimavam em abrir até onde não deviam, e os casacos que insistiam em não parar sobre os ombros.
Tufi Duek
Na marca Tufi Duek, o minimalismo tem ascendência nórdica. É no rigor do design escandinavo que Eduardo Pombal encontrou sustentação para a coleção que tem vestidos curtos, levemente volumosos em função do tecido estruturado, e recortes milimetricamente calculados, embora discretíssimos em meio à monocromia dominante. O momento excesso fica por conta dos babados com muita roda, aplicados à barra de saias e vestidos godês. Conjuntos de duas peças, blusa seca e saia, blusa sem mangas na altura dos quadris e calça curta encorpam o mix, que tem algo de anos 1960 nesta hora, e que corre elegante e sem sobressaltos, em sintonia com a fonte de inspiração. A sutileza funciona também nos belos vestidos de frente de couro dourado, fechados em ponto luva, nas pulseiras e colares em dobraduras precisas de metal dourado, e nos sapatos-cadeira arrasadores, com solado (ou seria pés?) e pala (ou seria encosto?) em madeira.
Samuel Cisnansck
Para colocar o público em sintonia com seu personagem, uma garota urbana perdida na floresta, Cisnansck abriu o desfile com um vídeo literal e soltou bons casacos na passarela. Mais do que oportunos, e ainda por cima bem executados e bonitos, agasalharam este 1º dia, em que ninguém pareceu acreditar que o inverno existe. Quando o fascínio pelo décor monarquista toma conta dele, Samuel rock´n´roll exagera aqui e ali, mas fez ótimo desfile desta vez, com belos vestidos longos e ajustados, o preciosismo de sempre e efeito cenográfico de primeira, por conta dos vestidos cipó.
Triton
Triton atende público jovem, para o qual a roupa se desdobra em looks de várias peças, exige graça e diversidade nos detalhes e oferta convincente de acessórios. Nem sempre é fácil reger esta orquestra de muitos instrumentos, mas Karen Fulke deu conta do recado. Um coquetel de matelassê, brocados, veludos, peles, rendas e estamparia metalizada, calçado por básicos, como camisa, calça reta e paletós, fechou bem este calorento 1º dia. Mas que a Triton passou bem mais grave do que de costume, não dá para negar.
Fotos: © Agência Fotosite
Eduardo Motta
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