UseFashion
21 de dez. de 2015
Semana de Moda de Nova York pode mudar de formato
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21 de dez. de 2015
Se 2015 foi movimentado na moda, 2016 promete ainda mais reviravoltas. O CFDA (Council of Fashion Designers of America), responsável pela organização da Semana de Moda de Nova York desde o ano passado, está estudando uma mudança radical no formato do evento para as próximas temporadas, decisão que vem na esteira de vários acontecimentos que se desdobraram ultimamente.

O conselho, presidido por Diane von Fürstenberg acredita que a estrutura das apresentações de coleções está defasada e precisa ser revisitada, focando o consumidor final. Segundo a estilista, o esquema de mostrar os lançamentos com um semestre de antecedência só tem favorecido a indústria da cópia.
Além disso, graças às retransmissões ao vivo e mídias sociais, o consumidor deseja os produtos no momento em que os vê, ignorando temporadas e perdendo o interesse depois de seis meses de espera.
Adaptada a essa realidade, a Moschino tem disponibilizado os lançamentos para o público imediatamente após os desfiles. Outras marcas optaram por pular o calendário internacional, como a Hunter, que anunciou que não desfilará em Londres para investir em festivais de música e eventos em suas lojas, buscando um contato direto com os consumidores finais.
Já a Givenchy abriu mais de 1000 lugares para o público assistir ao seu desfile verão 2016/17, na última Semana de Moda de Nova York. Quem vai também receber uma plateia integrada em até 50% de consumidores finais é Rebecca Minkoff, que em fevereiro não apresentará o inverno 2017, mas repetirá o desfile verão 2016/17 com algumas novidades que estarão nas lojas dentro de no máximo dois meses.

Enquanto isso, Tom Ford, que na última temporada divulgou sua coleção em um vídeo, anunciou que irá trocar a apresentação em Nova York por uma exposição para a imprensa e compradores, sem mostrar a coleção antes que ela chegue de fato ao público.
Há marcas que estão ainda mais cuidadosas em relação à antecipação dos lançamentos: Proenza Schouler e The Row não pretendem liberar imagens de pre-fall 2017 até o lançamento nas lojas, nem mesmo nas redes sociais. Os cobiçados lookbooks serão mantidos em segredo.
A necessidade de ter mais peças e mais coleções em cada vez menos tempo é outra questão que se soma para a tomada de decisão a respeito da semana de moda. A velocidade imposta pela indústria e o calendário atual de desfiles têm incomodado estilistas de grandes marcas.
A pressão e falta de tempo para criar foram citadas por Raf Simons ao deixar a Dior, marca na qual era responsável por cerca de 10 desfiles por ano. Alber Elbaz saiu da Lanvin por divergências com a diretoria da casa dias depois de fazer um discurso na premiação do Fashion Group International, denunciando esses fatores.
Além deles, outros estilistas que resolveram se distanciar do corre-corre são Donna Karan, ao abandonar a direção criativa da marca que fundou, e Ralph Lauren, que deixou o posto de CEO da sua marca. Jonathan Saunders, ainda mais recentemente, resolveu fechar sua marca homônima.

Analisando estes e outros indicadores, o CFDA realizará em parceria com o Boston Consulting Group uma pesquisa no início de 2016 para compreender quais mudanças poderão ser implementadas, lembrando que a Semana de Moda de Nova York tem como tradição o foco maior em uma moda mais comercial e acessível.
Os próximos desfiles, que ocorrerão nos primeiros meses do ano, não sofrerão alterações. No entanto, a ideia para as temporadas seguintes é manter as datas de fevereiro e setembro, porém apresentando as coleções que estão nas lojas. Outra opção, ainda, é unir as semanas de moda masculinas e femininas, transferindo as atividades para janeiro e junho.
Para compradores, imprensa e profissionais, os lançamentos antecipados ocorrerão em eventos fechados em showroom. Como as possíveis mudanças impactarão de forma importante as próximas temporadas, estaremos atentos e acompanharemos o que virá a seguir.
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