Semana da Moda de Paris: moda engajada, sem gênero e escapismo
No último final da semana, vários estilistas expressaram suas diferentes personalidades nas passarelas parisienses e apresentaram uma moda com engajamento, como foi o caso de Vivienne Westwood e Rahul Mishra. Christian Wijnants apresentou um estilo leve e colorido, e Haider Ackermann exibiu um espírito sombrio com silhuetas masculinas.

Vivienne Westwood: Whistleblower Mode
Como sempre, a estilista britânica e seu marido Andreas Kronthaler usaram o desfile para jogar luz sobre a urgente situação ecológica e as injustiças sociais em um mundo globalizado. A coleção oscilou entre roupas de estilo vitoriano e silhuetas mais humildes, como túnicas feitas com pedaços de pano acumulados e franjas feitas de trapos. Uma modelo usou dois vestidos suspensos em cabides diretamente em sua cabeça, para simbolizar a situação dos migrantes.
A camisa de algodão da vovó foi usada com uma saia vermelha simples, camisetas folgadas com leggings ou bermudas, e uma blusa que parecia ter sido feita de lençol. Imagens impressas do tigre de Sumatra em risco de extinção apareceram em toda a coleção, e um peixe gigante de algodão equilibrado na cabeça de uma modelo e um chapéu de ninho de pássaro lembraram aos espectadores os efeitos nocivos da poluição na natureza.
Símbolos do mar foram encontrados em toda a coleção e serviram para denunciar como os oceanos foram transformados em aterros, como as joias de concha e malhas que se assemelhavam a redes de pesca. A marca informou ao público que as roupas foram confeccionadas com tecidos artesanais do Mali e resíduos têxteis de fabricantes italianos.
Vestidos em tafetá acetinado ou drapeado, saias elegantes de xadrez e adornos de pérolas também apareceram neste eclético desfile junto com chapéus grandes e vaporosos, como nuvens, se transformando às vezes em guarda-chuvas. Figuras humanas de látex preto ou laranja se transformaram em coletes e, quando a cabeça e os braços balançaram e caíram ao redor do corpo, houve um questionamento se isso seria um símbolo para o fim da humanidade.

Rahul Mishra reinventa a arte do bordado
No mesmo espírito, Rahul Mishra apresentou uma coleção soberba com detalhes de alta-costura feitos inteiramente por artesãos indianos. Fiel à sua abordagem ética e social, o designer continuou a preservar e destacar o savoir-faire local, em particular o bordado indiano, que ele usou para criar novos volumes com aplicações em 3D como uma extensão do tecido.
Ele misturou dois temas opostos: o crescimento urbano das metrópoles e o da natureza. Centenas de arranha-céus desenhados em pequenos pedaços de organza marcaram presença em conjuntos brancos, ou em maxi vestidos em tons de preto e cinza, se assemelhando a penas. Em outras peças, o tule bordado com pequenas flores foi inserido em uma túnica e usado para fazer um corpete, enquanto flores de tecido foram costuradas nas roupas e suspensas por seus caules como escamas vivas e coloridas.
Rahul Mishra permitiu que 300 bordadeiras das favelas de Mumbai voltassem para casa para morar em suas aldeias com as famílias, trabalhando em suas coleções. Uma ode à "slow fashion", disse a marca em um comunicado, que insistiu na importância de "agregar valor sustentável às roupas que contam uma história, ao mesmo tempo em que constrói um modelo socialmente sustentável que empodera a grande comunidade de artesãos da Índia rural”.

Haider Ackermann, masculino/feminino
O estilista de origem colombiana apresentou no sábado uma coleção minimalista e andrógina, quase austera, que explorou uma estética neutra em termos de gênero. O desfile começou com um conjunto de looks com jaquetas e calça cinza, vestidos por um elenco andrógino. E continuou com ternos com calças ou shorts usados por modelos masculinos sem camisa, e calças com faixas na lateral e ar urbano combinadas com tops.
A coleção também apresentou peças mais clássicas e femininas, como vestidos longos e pretos com faixas coloridas brilhantes nos ombros e na parte superior. Para a noite, quimonos de seda jacquard reversíveis com forro preto foram combinados com shorts esportivos para homens e mulheres.

Christian Wijnants: Uma sutil homenagem africana
Modelos caminharam ao ritmo de percussões no desfile de Christian Wijnants na sexta-feira. Calças masculinas rapidamente deram lugar a vestidos flutuantes vestidos em cores de verão e estampas africanas que pareciam inspiradas em boubous da África Ocidental. Bolsas grandes na cor verde menta adicionaram uma sensação de férias.
Listras, padrões geométricos, mosaicos impressos ou criados em lantejoulas e color-blocking injetaram uma grande leveza ao guarda-roupa de Wijnants. A seda também foi destaque, para criar sobreposições e volumes. A coleção foi alegre, com túnicas com mangas bufantes, saias com fenda, ternos estampados, malhas listradas e vestidos sem alças.
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