Semana da Moda de Nova Iorque continua fiel a si mesma
Já se sabe que todos se queixaram de uma temporada de Nova Iorque considerada pouco imponente e privada de muitos criadores de renome. Mas, quando se perde algum tempo a realmente examinar o que se viu nas passarelas, acontece que foram apresentadas muitas peças magníficas em Manhattan.

Além disso, se a moda de Nova Iorque tem uma mensagem para transmitir este ano, é de esperar uma atmosfera sombria e séria no próximo inverno. Uma atmosfera de gravidade reforçada pela quase total ausência de chineses em todos os eventos nova-iorquinos. Só em termos de número de espetadores, parecia que tínhamos regredido cinco anos.
Dito isto, podemos contar com um outono iluminado por toda uma gama de roupas macias e sensuais, imaginadas com uma preocupação com o desenvolvimento sustentável. Nestes tempos de incerteza, desde o Coronavírus até à crise em Washington, os designers forcaram no que sabem fazer de melhor, respeitando o seu ADN.
Na cidade, Proenza Schouler optou por uma silhueta bastante rígida misturada com drapeados cheios de indiferença - metade dos casacos e vestidos revelavam um ombro - resultando no desfile mais importante dos Estados Unidos.
Entre as outras marcas leais ao seu território figuraram os dois fornecedores de refinamento aristocrático: Oscar de la Renta e Carolina Herrera, duas casas que tiveram um desfile de grande classe orquestrado por aqueles que sucederam aos seus fundadores, respetivamente a dupla Fernando Garcia e Laura Kim, da Monse, e Wes Gordon.
Na Monse, pudemos também admirar o renascimento de Vivienne Westwood, mas com uma enorme reviravolta não estruturada. Uma fotografia da designer britânica chegou a aparecer nos backstage, no moodboard. Enquanto isso, a própria Vivienne estava perto das estrelas no tapete vermelho do Oscar, onde vestiu Kate Hudson, Natalie Dormer e Winnie Harlow.

O fim de semana de abertura foi dominado por notícias de outras regiões, especialmente de Los Angeles. O Oscar aconteceu na mesma semana que a temporada de desfiles de Nova Iorque, como acontece a cada dois anos em sete, e como resultado Manhattan esteve bastante despovoada em termos de estrelas de cinema de classe mundial. E Tom Ford, presidente do CFDA, que organiza a temporada de Nova Iorque, saiu de Manhattan para desfilar em Los Angeles. Assim como Julie de Libran, a ex estilista de Sonia Rykiel, que agora tem a sua própria marca independente. A sua colaboração com a Matchesfashion em Hancock Park parece ter-lhe rendido muito mais espaço nas crónicas e atenção nas redes sociais do que muitos desfiles na costa leste.
A temporada nova-iorquina trouxe, no entanto, alguns novos e ousados talentos. Especialmente LaQuan Smith, cuja extravagância híbrida de rock e hip hop deu origem a um super desfile no Spring Studios. Com blusões antracite cortados como armaduras de super heroínas, ou até casacos acolchoados pretos brilhantes de princesa, dignos de uma guerreira intergalática.
Poucas marcas são mais fieis a si mesmas do que a Zimmerman, que optou por uma moda otimista, sobrepondo as cores vivas e letras e estampados lúdicos que são a sua marca registada. A sua mistura de detalhes em veludo, organza bordada à mão com lantejoulas, botões em cristal e armações de óculos e pulseiras com berloques em resina pastel fizeram deste desfile um dos mais alegres da semana.

Atualmente, a Zimmerman é a marca estrangeira mais popular nos Estados Unidos, com uma boutique próspera na Madison Avenue, praticamente em frente ao mais ilustre destino de compras dessa artéria, a mansão Rhinelander da Ralph Lauren. Este último nem sequer fez uma apresentação, muito menos um desfile.
A esquina seguinte da Madison Avenue parecia emblemática do momento. O distribuidor de jornais vendia não o New York Times, mas o China Daily. A sua última edição exibia a mais improvável das manchetes: “Menos novos casos de contaminação; mais curas."
O que certamente nos lembra o risco de não dizer a verdade aos cidadãos ou à sociedade, de não jogar limpo com as pessoas. Ao contrário da temporada nova-iorquina, na qual os estilistas fizeram um depoimento honesto, revelando exatamente o que são.
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