EFE
18 de jan. de 2023
Saint Laurent mostra que a moda masculina também pode ser "sexy"
EFE
18 de jan. de 2023
A Saint Laurent deu início às apresentações de moda masculina em Paris na terça-feira (17), com uma proposta elegante e sóbria, onde demonstrou que o guarda-roupa masculino também pode usar os códigos femininos.
Este foi o primeiro desfile masculino da Saint Laurent desde a chegada do belga Anthony Vaccarello como diretor criativo em 2016, e a marca francesa quis apostar na silhueta, apostando na ostentação dos tecidos.
O desfile aconteceu sob a cúpula da Bolsa de Valores parisiense, que abriga a coleção de arte François Pinault desde 2021, em um edifício do século 18 no centro de Paris restaurado pelo japonês Tadao Ando.
Pinault, proprietário do conglomerado de marcas de luxo Kering, ao qual pertence a Saint Laurent, ofereceu um de seus escritórios estelares como o cenário ideal para falar de romantismo, versatilidade e linhas refinadas.
O primeiro look do desfile, camisa branca com gravata no pescoço e calça preta plissada, deu o tom para o restante da coleção, na qual se destacaram os maxi-casacos de lã com ombreiras largas e longos; suéteres de mohair e cetim com capuz e blusas de cetim com decotes na altura do umbigo.
Se a mulher Saint Laurent de Vaccarello usa proporções curtíssimas, com saias e calças minúsculas e casacos exageradamente largos, na moda masculina a sensualidade muda de foco, e aposta em deixar o torso masculino à mostra.
Assim, surgiram blusas de organza translúcida com laço no pescoço, lenços de cetim que se transformam em capuzes e vestidos de malha de caxemira, com gola virada até ao nariz - combinando com óculos de sol para completar o 'look' incógnito - .
Tudo em preto
O preto foi protagonista de uma coleção na qual houve espaço apenas para o branco e toques discretos de camelo, azul marinho e prateado.
Vaccarello fez do diálogo entre moda masculina e feminina uma marca registrada da casa e, assim como as criações femininas bebem do guarda-roupa masculino, aqui também as peças do sexo oposto são emprestadas.
“Uma fluidez recíproca inevitável”, diz a marca em comunicado, no qual aponta que o sucesso está em saber brincar com as proporções.
De Charlotte Gainsburg a Al Pacino
Com uma fila de convidados em círculo sob a cúpula da galeria de arte e uma luz fraca de inverno, a coleção outono-inverno 2023 da Saint Laurent desfilou ao ritmo de um pianista, que do centro tocou a trilha sonora de uma coleção romântica e misteriosa.
Após o último look, uma mulher de terno e gravata borboleta se dirigiu ao piano para tomar o lugar do músico e continuar com sua própria melodia: era preciso esperar que uma luz discreta a iluminasse para identificar a atriz francesa Charlotte Gainsbourg.
Gainsbourg é uma colaboradora próximo da marca, assim como nos últimos tempos tem sido o ator Al Pacino, embaixador de suas campanhas publicitárias, e o diretor franco-argentino Gaspar Noé, que dirigiu o vídeo promocional deste desfile. Um elenco seleto, mas com um leve toque alternativo.
Desde 2016, a Saint Laurent apresentava seus desfiles femininos em Paris, e os masculinos no exterior, em cidades como Nova York ou Los Angeles, onde o diretor criativo anterior, o estilista francês Hedi Slimane, havia situado o centro da marca.
A Saint Laurent de Vaccarello ainda lembra a de Slimane (hoje no comando da marca Celine) em sua silhueta descontraída e andrógina, que veste os músicos e atores de uma geração que perdeu o medo de brincar com a moda.
Assim, a moda masculina ocupa cada vez mais páginas nas revistas, mais espaço nos debates da indústria e, principalmente, mais zeros nos números anuais de marcas como a Saint Laurent.
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