Sábado em Paris: Hermès e Elie Saab
No sábado (4 de março), desfilaram em Paris duas maisons que vestem pessoas extremamente ricas, a Hermès e Elie Saab; a primeira marca desenhou pensando na discrição, e a segunda em surpreender.
Hermès: modo monocromático
Tudo começou com Nadège Vanhee-Cybulski, que pensou em cabelos, de mechas vermelhas ardentes a loiras venezianas, a preto e ruivo, antes de transformar a sua última coleção para a Hermès numa sinfonia de cores outonais.
A relativa novidade da motivação levou a uma perspectiva de moda refrescante e inesperada. Dito isto, foi um evento predominantemente monocromático. Desde o próprio espaço do desfile, um palco completamente laranja (novidade para a Hermès!) à conformidade cromática de cada look.
Uma coleção que parecia tão ideal para uma longa caminhada na floresta quanto para uma intensa expedição de compras de uma grande mulher.
As melhores ideias de Nadège Vanhee-Cybulski foram para a noite: referindo-se a estilistas da década de 1920, como Madame Grès ou Madeleine Vionnet, e ao seu gosto por tecidos plissados e silhuetas de deusas gregas. Todas as ideias de Nadège, por outro lado, foram feitas em seda metálica. As roupas eram de corte brilhante, finalizadas com ombros contrastantes de seda fosca ou marmorizada e usadas por várias modelos afro que caminhavam com graça notável.
Ocasionalmente, a cortina até imitava a maneira como as mulheres torcem e puxam os cabelos. A sua abertura foi toda em tonas de ferrugem, lama, carvalho, olmo e púrpura profunda; com túnicas caneladas de caxemira, sobrecasacas de caxemira macia, elegantes vestidos de malha com mangas jesuítas ou cardigans roxos alongados. As malhas até imitavam cabelos trançados, para um belo refinamento pós-pandemia.
Sendo a Hermès uma maison nascida da fabricação de selas, surgiram algumas novas tosquias feitas para parecerem peles selvagens, usadas em parkas e casacos largos; ou em várias camisas e túnicas de couro brilhante, tão precisas que pareciam passadas a ferro nos modelos.
Tudo combinado com botas de cano alto de camurça com salto piramidal, que será um sucesso de vendas. Porque fabricar os produtos mais vendidos do tipo mais caro é o objetivo da Hermès. Os dados mais recentes da maison para 2022 mostraram que as suas receitas cresceram 29%, para 11,6 bilhões de euros, e o lucro líquido, 38%, para 3,4 bilhões.
“Eu queria brincar com a complexidade e o simbolismo do cabelo feminino. Algo tão trivial, mas tão estrutural. Então enviei o cabelo para diferentes fábricas de tecidos para replicar a complexidade da fibra em toda a caxemira”, revelou Vanhee-Cybulski, em conversa no pós-show.
O seu objetivo geral foi reinventar os estereótipos de guarda-roupa – como é o caso do casaco-manta, mas transformado em malha que vem para envolver.
“Gostei da solidez da cor única. Esta coleção parecia mais introvertida. Mas no inverno sempre queremos nos sentir protegidos. A minha outra ideia foi o cobre, por ser tão maleável, mas forte”, explicou a estilista ruiva brilhante, que saiu para fazer o laço usando um blusão de couro preto, em contraste com botas escarlate, o que a deixou com uma atitude mais jovem do que o elenco. E muito diferente do seu desfile.
A Hermès sempre terá a imagem de marca para quem tem patrimônio consolidado, herdado, quase com uma patine de coisas velhas. Mas ninguém quer dinheiro para fazer parecer velho.
Elie Saab: diversão num momento atarefado para Elie
Mudança significativa de marcha na Elie Saab, com uma série de novos truques e ideias de alfaiataria e chuva de lantejoulas floridas, num desfile encenado com bom gosto no interior do Palais de Tokyo, em Paris.
Este é um momento movimentado para a maison de Elie Saab. Na segunda-feira (6 de março), o estilista libanês organizará uma megafesta para lançar o seu novo perfume "Elixir" no La Suite Girafe, o luxuoso rooftop bar do Trocadero com vista excepcional para a Torre Eiffel.
No final da semana, Saab viajará para Milão para abrir uma nova boutique importante na Via Gesu, em frente ao Four Seasons Hotel Milano, e na mesma rua da sede da Versace.
E, de fato, havia um pouco de Versace neste desfile – não no drive, mas na escolha de rendas pretas travessas, glitter cintilante e vestidos de corte preciso.
Mais importante, parecia um Elie Saab cool e quente, devido aos excelentes casacos pretos que desfilavam, juntamente com blazers e vestidos de noite feitos em chiffon pontilhados com flores e usados com botas de cano alto. A sua adorável mulher Claudine também apareceu no Instagram com botas de cano alto.
“No que eu estava pensando enquanto desenhava esta coleção? Em uma mulher linda”, sorriu Saab, após ser abraçado nos bastidores pela famosa socialite norte-americana Olivia Palermo, liderando um grupo de influenciadoras que incluía a fashion blogging alemã Caro Daur e a brasileira Helena Bordon, filha da fashion expert Maria Donata Meirelles. Certamente mulheres caras.
Mas, ao contrário da Hermès, Elie gosta de usar o seu dinheiro para se divertir um pouco.
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