Por
Flavia Pollo
Flavia Pollo
Publicado em
28 de abr. de 2010
28 de abr. de 2010
Produção no Brasil deveria ser verticalizada
Por
Flavia Pollo
Flavia Pollo
Publicado em
28 de abr. de 2010
28 de abr. de 2010
Em uma breve palestra de 15 minutos, o jornalista italiano especializado em moda Peppe Orrú conseguiu sintetizar a importância do Brasil voltar seu olhar para dentro de si e buscar referências em sua história para criar um produto que contenha o DNA brasileiro.
O jornalista italiano Orrú no meio dos outros palestrantes, Mauro Slomp e Marcia Travessoni. Foto: Davi Magalhães |
“Hoje o Brasil tem vários embaixadores da moda no exterior, como a modelo Gisele Bündchen, a marca Havaianas e o estilista Carlos Miele. Mas eles são apenas a ponta do iceberg. O Brasil é um país fantástico em termos de música, de arte, e agora, também, de moda. Vocês estão sentados em uma mina de ouro”, salientou o jornalista que escreve para revistas do porte da Vogue Itália e Collezione.
Convidado a participar do Dragão Fashion pela primeira vez, ele se diz positivamente surpreendido com a riqueza cultural do país e acredita no potencial que se revela no horizonte para a indústria da moda. Sua única ressalva é simples: “Guardem toda esta tradição de ser brasileiro, pois esta é a alma de vocês, e é isso que o mercado externo quer. Olhem para fora para buscar inspirações em outros países, mas nunca se esqueçam do próprio Brasil”.
Como exemplo de como a imagem de uma região pode ser trabalhada, o jornalista citou a recente publicidade da Dolce & Gabbana. A cantora Madonna aparece como se fosse integrante da máfia siciliana, berço da marca. A grife utilizou o clichê de que “na Sicília todos pertencem à máfia” para inverter os papéis: em vez de uma referência pejorativa, mostrou um lado glamuroso e chique com a imagem de Madonna, que representa luxo e ostentação.
Made in Brasil
Um dos conselhos dados pelo especialista em moda foi o de investir em uma cadeia produtiva vertical, uma vez que o Brasil é rico em matérias-primas, tem mão de obra barata e designers de qualidade. “Ao manter toda a confecção em solo nacional, vocês podem ter uma peça 100% brasileira, o que é visto como valor agregado no mercado estrangeiro”.
Peppe Orrú tocou também na questão de saber se adaptar frente aos novos desafios deste setor. A cidade de Hong Kong, por exemplo, passou de centro produtor de confecção para um centro de design de produtos. Com a ascensão da China e sua mão d eobra barata, a maior parte das empresas migraram suas produções a estes mercados. Hong Kong, sem condições de competir com a indústria chinesa, trocou de foco e passou a exportar design a estas empresas, mantendo seus clientes, mas oferecendo um novo serviço.
“Como é possível que uma marca como a Havaianas faça tanto sucesso em todo o mundo vendendo chinelos de borracha? Se ela foi capaz de fazê-lo, tenho certeza que muitas outras empresas também o terão. Hoje, a moda beachwear produzida no Brasil é uma ‘Bíblia’ para o mundo. O Brasil é o palco do mundo. Vocês têm muito trabalho pela frente e uma grande responsabilidade sob os ombros, mas vocês têm capacidade para isso”, finaliza Peppe Orrú.
A jornalista foi convidada a cobrir o evento pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção, por meio do programa TexBrasil.
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