15 de out. de 2019
Produção de calçados deve crescer 3% em 2019
15 de out. de 2019
A produção de calçados deve crescer 3% em 2019, de acordo com projeções apresentadas no evento "Análise de Cenários", promovido pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) e pela Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal) em Novo Hamburgo/RS. Segundo Marcos Lélis, doutor em Economia e consultor do mercado calçadista, com esse crescimento, o Brasil deve chegar a 972 milhões de pares este ano.

De acordo com o economista, mesmo o PIB brasileiro crescendo 0,4% no segundo trimestre, afastando o risco de uma recessão, a economia ainda patina pela falta de investimentos substanciais em infraestrutura. “Tivemos esse crescimento puxado pelo setor de habitação, especialmente a de alto padrão no Sudeste, o que não é suficiente para um crescimento consolidado”, explicou, ressaltando que o crescimento, para se consolidar, precisa ser resultado de maiores investimentos no parque fabril (aumento da capacidade instalada), na construção civil de empreendimentos públicos e privados etc. “De toda forma, a notícia deu uma melhorada no ânimo, e resultou na expectativa de crescimento de 0,8% para 2019”, disse.
Segundo a coordenadora de Inteligência de Mercado da Abicalçados, Priscila Linck, com o resultado, o setor ainda não recupera as quedas dos anos anteriores, voltando aos patamares registrados em 2014. Priscila disse, ainda, que o resultado da produção deve ser puxado pelo incremento nas exportações, na casa de 10%, alcançando quase 125 milhões de pares. Já a expectativa de crescimento no mercado interno, que absorve 86% da produção de calçados, é de 0,8%.
A economista da Abicalçados falou ainda sobre o efeito da guerra comercial entre Estados Unidos e China e do acordo entre Mercosul e União Europeia. Segundo ela, o impasse comercial entre as duas potências gera oportunidades para o produto brasileiro, mas também para o calçado proveniente de outros países, especialmente Vietnã e Indonésia. Priscila destacou que no período de guerra tarifária, os dois países asiáticos ganharam 1,8% e 0,3% de participação no mercado norte-americano, respectivamente. O Brasil, por sua vez, ganhou apenas 0,2% em marketshare. Além disso, ainda como efeito do impasse, a China acaba tendo que pulverizar suas exportações para outros mercados, inclusive para o Brasil.
Com relação ao acordo entre Mercosul e União Europeia, Priscila destacou que o efeito deve ser positivo para o calçado nacional, mas que a parceria ainda precisa ser selada por todos os países envolvidos, o que irá demandar mais tempo para que o tratado entre em vigência. Após a implementação do acordo, os países ainda terão um prazo de desgravação tributária – até zeramento das tarifas de importação – de 7 a 10 anos. “Entrando em vigência, o acordo deve ter um efeito positivo, especialmente para os exportadores de calçados de couro, já que 60% dos produtos brasileiros que entram na Europa são construídos com esse material”, concluiu.
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