AFP
13 de mai. de 2015
Prévia do glamour de Cannes, Dior em desfile cruzeiro no Palais Bulles
AFP
13 de mai. de 2015
Antes do início das festividades em Cannes, a Dior apresentou na segunda-feira (11) à noite seu desfile cruzeiro na extravagância futurista do Palais Bulles de Pierre Cardin, perto de Cannes, um espetáculo que ilustra a importância capital dessas coleções no calendário da moda.
Alguns dias depois dos desfiles Chanel e Louis Vuitton, que levaram o mundo da moda a Seul e Palm Springs, na Califórnia, respectivamente, o diretor artístico da Dior, Raf Simons escolheu a arquitetura orgânica cheia de curvas dessa residência construída nos anos 1970-80 pelo arquiteto húngaro Antti Lovag, com vista para a baía de Cannes.
Nesta paisagem no sul da França, tão cara a Christian Dior, o criador de moda belga também se aproveitou da arquitetura do inventor do “New Look”, revisitando o famoso tailleur “Bar”, com seu casaco acinturado.
Mas se os cortes inspiram-se naqueles do fundador da casa de moda, os tecidos são mais leves e as saias, na maior parte curtas, acompanham o caminhar com fluidez. As botas, pontiagudas com cadarços, podem evocar “Maria Antonieta, mas também uma garota punk dos anos 80 ou 90”, comenta Raf Simons.
“A silhueta é também uma mistura, ao mesmo tempo bem Christian Dior, mas fazendo uma forte referência ao vestuário funcional, àquele que os artistas usam em seu estúdio”, sublinha mais uma vez o criador de moda. Padrões de azulejos, vichy, pé-de-galinha, de diferentes cores, sobrepõem-se aos conjuntos curtos.
O espetáculo, acompanhado à noite de uma explosão de fogos de artifícios sobre o mar, ocorreu diante de cerca de 250 pessoas, clientes e jornalistas, assim como celebridades como Chiara Mastroianni e Marion Cotillard, musa da casa de moda, que estará competindo em Cannes em uma adaptação de "Macbeth".
O proprietário do espaço, Pierre Cardin, também assistiu ao desfile da casa de moda, onde ele começou sua longa carreira, em 1947: “Fui o primeiro empregado da maison Dior!”, lembra o costureiro de 92 anos. “Ver, depois de todo este tempo, a Dior vir desfilar em minha casa é de uma delicadeza que mexe muito comigo”.
Inicialmente concebidas para os ricos clientes americanos que passavam temporadas em resorts ensolarados durante os meses de inverno e destinadas a serem entregues em outubro-novembro, as coleções cruzeiro tornaram-se encontros incontornáveis para a indústria.
Elas permitem fazer a ligação entre as tradicionais coleções primavera-verão e outono-inverno apresentadas durantes Fashion Weeks de setembro e março, respondendo a uma sede permanente de novidades em uma época em que as redes sociais determinam os ritmos.
Presentes por muito mais tempo em loja, essas pré-coleções podem representar até 70% das vendas para as marcas.
“Uma casa de moda como a nossa tem uma base de clientela de prêt-à-porter extremamente importante, que visita nossas lojas com frequência e que pergunta +What's new?+”, explica o presidente-executivo da Dior, Sidney Toledano.
Outrora reservada a um público de compradores, a apresentação dessas pré-coleções é agora uma ocasião importantíssima de comunicar para as grandes casas de moda, que investem pesado nesses desfiles em locações exóticas.
“Fazemos esses desfiles fora de Paris porque é a oportunidade de passar mais tempo com nossos clientes”, reitera Sidney Toledano. “E com a imprensa, é mais legal que em Paris onde há desfiles durante todo o tempo”.
Depois das coleções cruzeiros anteriores apresentadas em Mônaco e no Brooklyn, Cannes, preciosa vitrine para as marcas de luxo e suas musas no tapete vermelho, era um destino ideal para a Dior. A marca apresentou também em dezembro em Tóquio outra pré-coleção, “pre-fall” (outono), encontro que tem vocação para se tornar anual.
Se apenas os pesos pesados da moda podem se dar ao luxo de organizar tais espetáculos, muitos criadores de moda de tamanho médio oferecem pré-coleções. O British Fashion Council, organizador da Fashion Week londrina, anunciou recentemente o lançamento em junho de uma iniciativa destinada a promovê-los.
Anne-Laure Mondesert
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