Marion Deslandes
9 de fev. de 2017
Por que L'Oréal estaria tentada a vender The Body Shop?
Marion Deslandes
9 de fev. de 2017
Dez anos depois de ter ganhado a rede britânica de cosméticos naturais The Body Shop, o grupo L'Oréal estaria prestes a separar-se desta. O Financial Times revelou, na quarta-feira, 08 de fevereiro, que a gigante da beleza teria conferido poder ao banco Lazard de estudar a venda da marca, cujo preço estaria fixado em um bilhão de euros (3.33 bilhões de reais). Contatado pelo FashionNetwork, o grupo não quis comentar esta informação.
Marca conhecida por seus produtos de beleza com ingredientes naturais, The Body Shop parece estar solitária dentro do grupo francês. A marca criada em 1976 por Anita Roddick é, na realidade, a única a apostar em um modelo econômico fundado em uma ampla rede de butiques, dentro de um grupo que investe agora fortemente na área digital. Se ele oferece às suas principais marcas butiques (como L'Oréal Paris), é principalmente na ótica de reforçar a imagem delas.
Adquirida em 2006 por 652 milhões de libras (945 milhões de euros), The Body Shop explorava no fim de 2015 mais de 3.100 lojas no mundo, das quais 1.134 sob gestão própria, ou seja, 17 lojas menos que em 2014.
Por outro lado, The Body Shop exibe um crescimento em desaceleração em relação ao conjunto do grupo. A L'Oréal registrava em 2015 um volume de negócios de 25.26 bilhões de euros (84.11 bilhões de reais), exibindo avanço de 12,1% (+3,9% em dados comparáveis) em relação ao ano anterior.
A marca, que reivindica ter uma consciência ambiental, registrava vendas de 967,2 milhões de euros (3.220 bilhões de reais), ou seja, uma leve queda de 0,9% em base comparativa, atingida por "fortes turbulências" em certos mercados asiáticos. Sua rentabilidade despencava, passando de 7,5 para 5,7% do volume de negócios entre 2014 e 2015 (contra uma média de 20,5% nas outras divisões do grupo).
No primeiro semestre do ano de 2016, as vendas da rede acusavam uma ligeira queda de 0,6%, ao passo que as perdas operacionais estão se ampliando, para chegar a 22,2 milhões de euros. Para explicar esta morosidade, o grupo designa em especial "os esforços de investimentos conduzidos para estimular a marca", que conduziu uma estratégia de voltar a centrar-se nos cuidados e modernizar sua identidade visual.
Quem teria os ombros sólidos para desembolsar um bilhão de euros, mas também para investir no varejo? Um grande grupo do setor da beleza, um fundo de investimento? Segundo o jornal britânico, vários atores já teriam manifestado interesse por esta empresa bem implantada e que se beneficia de uma boa imagem, decerto, mas que é preciso redinamizar.
Separando-se da marca que emprega 22.000 pessoas espalhadas por cerca de sessenta países, o grupo L'Oréal conseguiria uma soma substancial, que poderia lhe permitir dar continuidade às suas aquisições. E por que não no setor dos dermocosméticos, um mercado em efervescência na fronteira da saúde, no qual a gigante francesa se reforçou recentemente.
No início de 2017, o grupo realizou a aquisição das grifes norte-americanas CeraVe, AcneFree e Ambi por 1.3 bilhão de dólares. L'Oréal publicará esta quinta-feira seus resultados anuais relacionados ao seu exercício fiscal de 2016 e poderá dar indicações sobre a sua estratégia.
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