Poder de consumo do brasileiro cresce em todas as classes

O Brasil enfrenta uma verdadeira onda migratória entre classes sociais. O crescimento do poder aquisitivo de algumas faixas tem gerado mudanças no esqueleto social brasileiro, o que, por conseguinte, acaba refletindo no perfil do consumidor e na maneira como ele gasta seu dinheiro. Sempre de olho no que acontece ao seu redor, os lojistas devem ficar atentos a este cenário de reposicionamento social, que influencia e pode alterar o resultado das vendas. Afinal de contas, sempre é bom lembrar que para vender mais e melhor é imprescindível conhecer, satisfazer – e talvez até surpreender – a clientela.

Divulgado recentemente, o estudo intitulado IPC Maps 2013, da IPC Marketing Editora, traçou o mapa do consumo brasileiro para o ano. A boa notícia é que todas as classes sociais estão com o poder de consumo ampliado, sendo que ele deve alcançar a marca dos R$ 3 trilhões até dezembro. Comparado com o ano passado, o aumento é de R$ 276 bilhões. Ainda conforme a pesquisa, as despesas das famílias crescerão acima do Produto Interno Bruto (PIB), equivalente a 3,8%.

ESCALADA – No estudo, as classes sociais apresentam-se divididas em oito categorias, que são A1, A2, B1, B2, C1, C2, D e E. A escalada ascendente de domicílios da classe B nos últimos anos fica evidenciada, bem como a ampliação da classe média, com a migração entre as classes C, D e E. A classe B ainda é a que apresenta maior poder de compra e crescimento, chegando a representar 48,5% do consumo nacional e 32% dos domicílios familiares do País. O responsável pelo estudo, Marcos Pazzini, explica que esta categoria compreende um universo de 16,2 milhões de domicílios familiares, ou 32% dos existentes no País. Se a análise for pela ótica da nova classe média, que se identifica pela proximidade e migração entre as classes B2 e C1, o IPC Maps 2013 estima que este agrupamento social puxe uma fatia de 43% do consumo nacional. Basta verificar que ele soma os R$ 685,9 bilhões, da classe B2, com os R$ 518,760 bilhões da classe C1, ampliando o poder de compra da classe média para R$ 1,205 trilhão, numa faixa populacional de 24,4 milhões de domicílios familiares, que correspondem a 48,2% dos domicílios brasileiros.

CLASSE MÉDIA – A mestre em marketing e professora da ESPM-SUL, Liliane Antunes Rohde (Porto Alegre/RS), diz que há diferentes maneiras de caracterizar a chamada classe média. Ela explica que alguns estudos incluem a classe C2 nesta categoria, o que lhe dá mais força e faz aumentar a dependência da economia brasileira da nova classe média. “Se esta classe parar de consumir, não sabemos o que poderá ocorrer com o País”, pondera. Conforme Liliane, o mercado interno deve continuar em ascensão pelo menos até o final de 2014. Apesar do item calçados não figurar entre os gastos prioritários dos brasileiros, é preciso estimular o consumo destes produtos oferecendo artigos que satisfaçam os desejos deste público por preços acessíveis. “A classe média tende a acompanhar as tendências das classes mais elevadas, nas quais se espelha, e a buscar produtos similares que se encaixem em seu orçamento”, lembra ela. Os brasileiros de todas as classes devem gastar praticamente R$ 37 bilhões somente com calçados neste ano.