Dominique Muret
4 de out. de 2022
Paris, a arte de cortar e recortar com Sacai, Rokh, Lanvin e Germanier
Dominique Muret
4 de out. de 2022
Nas passarelas parisienses, segunda-feira (3), o foco foi cortar, cortar, rasgar, recompor, regenerar e embelezar. Os costureiros, entre eles Sacai, Rokh, Lanvin e Germanier, demonstraram neste oitavo dia dos desfiles de moda feminina primavera-verão 2023, que são mestres na arte de manusear tesouras.
Enquanto os convidados lotaram o evento da Sacai em um amplo espaço com arquibancadas em formato de cubos coloridos, as últimas modelos vieram correndo do desfile anterior (Stella McCartney). Cinquenta minutos depois, o espetáculo começou com um jogo de ilusão de ótica em preto e branco por meio de listras em movimento, que ganharam vida na forma de faixas, franjas e pregas.
A estilista Chitose Abe empunhou a tesoura com alegria e destreza, cortando a barra de vestidos e maxi jaquetas (smoking ou marinho com botões dourados) em tiras, que se misturaram com as dobras e franjas semelhantes das grandes camisas brancas. Desprovidos de tops, esses mesmos blazers e camisas plissadas se transformaram em um vestido bustiê com babado na borda.
Enquanto as roupas foram conscientemente cortadas e reduzidas em um terço, os braços e as pernas ganharam volume por meio de mangas bufantes e a parte inferior das calças se abriram em babados. Casacos de pelúcia, jaquetas de safári ou capas de chuva foram, por sua vez, recortados, sem gola e ombros, usados no estilo bustiê.
O mesmo tratamento na parte inferior da roupa, que se reduziu a um avental mini-saia ou a um cinto com dois grandes bolsos laterais, para sobrepor a um vestido ou calça. Muito útil para colocar as mãos, acrescentando um ar de descontração ao visual. Tudo se encaixou perfeitamente nesta coleção desejável composta por peças originais que fáceis de combinar entre si.
Rokh gosta do mesmo jogo que Sacai, de quem parece ter emprestado mais de uma ideia. Foram apresentadas roupas desabotoadas, descompactadas ou descosturadas, transformando saias e vestidos longos, por exemplo, livrando-se de suas bordas drapeadas pesadas, em micro-trajes mínimos. O estilista também simulou rasgos, como em alguns vestidos bege com faixas azuis.
Assim como Chitose Abe, Rok Hwang gosta de começar pelos clássicos do guarda-roupa, em particular o trench coat e os ternos, que ele quebrou para recompor em silhuetas longas e flutuantes. Um trench coat se tornou uma jaqueta bolero combinada com uma saia criada a partir de uma seção do mesmo tecido de camelo enrolada em espiral nas laterais. Camadas de tecido com pregas finas ou largas se misturaram e se sobrepuseram em saias longas de lona ou vinil assimétricas.
Os cintos perfurados com ilhós de metal foram usados em volta dupla, apertados na cintura, caindo em uma fita ao longo das pernas. As peças abriram-se nas costas através de uma fileira de botões vertical e central. Detalhes de construção e achados estiveram por toda parte. Talvez um pouco demais.
Já a Lanvin, por outro lado, quer ser bem mais minimalista com casacos sóbrios, bermudas e ternos, impecavelmente cortados em uma paleta neutra. O diretor artístico Bruno Sialelli introduziu aos poucos detalhes sofisticados nesses looks simples, como bordados amarelos ou botões brancos em um casaco preto ou bolinhas em casacos de couro ou pele de réptil laranja.
Tecidos brocados e sedas estampadas iluminaram o conjunto em jaquetas e saias de cauda longa. Vestidos de tule acariciaram delicadamente o corpo, enquanto vestidos finos e drapeados foram tingidos de tons pastéis.
Música oriental e pandeiro pontuaram este desfile aquático, no qual ondas emergiram por todo o espaço, ondulando nas paredes ou no tapete cor de areia em reflexos mutáveis. O mar está presente na coleção. As mulheres vestiram meias arrastão, tops e túnicas brilhantes. As redes funcionaram como bolsas, cobertas de cristais. Eles também vestiram body com capuz turquesa, como roupas de mergulho, seus pés calçados em mules com pelos longos que pareciam nadadeiras.
Germanier assinou uma coleção particularmente exuberante e vital para a primavera-verão 2023 com uma moda festiva, super colorida, ao mesmo tempo muito glamourosa e ética. O fundador da grife, o suíço Kevin Germanier, também manejo uma tesoura para perfurar e lacerar camisas brancas, cujas aberturas foram decoradas com silicone reluzente. Em outros looks, ele redesenhou as formas em túnicas de tule cor da pele, algumas das quais altamente decoradas pelo acúmulo de ornamentos, enquanto outras deixadas nuas.
Nesta temporada, o estilista usou de tudo um pouco para fazer seus trajes mágicos reciclados: penas, joias, lantejoulas grandes, strass, franjas de papel ou tecido, joias, pérolas. Esses diferentes elementos foram organizados de acordo com cores e formas. Em grandes guirlandas ou volumes.
Vestidos de arrastão aprisionaram todos os tipos de enfeites, como uma teia de aranha suas vítimas. Vestidos inteiros foram feitos de colares de plástico multicoloridos. Penas de avestruz arco-íris claras compuseram um capuz majestoso com um grande capacete flutuante combinando para um look final muito aplaudido.
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