Ao contrário do que se tem verificado por todo o mundo, as vendas a varejo do mercado chinês aumentaram 15,3% nos primeiros 10 meses deste ano. Um valor que representa um crescimento de, pelo menos, 2% face aos 9 meses anteriores.

O crescimento do consumo no mercado chinês tem sido alimentado por uma classe média-alta urbana, jovem e solteira que, ainda vivendo com os seus pais e detendo empregos com bons níveis de rendimentos, rende-se cada vez mais aos hábitos de consumo do mundo ocidental.

Para estes consumidores que não estão sentindo os efeitos nefastos da recessão mundial, a mesma tem-se revelado positiva, pois têm conseguido adquirir os artigos da sua preferência a preços mais convidativos nas inúmeras promoções que encontram no mercado.

Estas constatações refletem as recentes notícias econômicas no mercado chinês, sugerindo que a população está comprando cada vez mais produtos eletrônicos de qualidade e mais automóveis que os seus congêneres europeus e americanos. O mercado de telefones móveis chinês atingiu recentemente a marca dos 500 milhões de inscritos e o mercado de artigos de luxo é atualmente um dos que mais cresce em nível mundial.

Tudo isto faz crer que os consumidores chineses estão alterando os seus hábitos de um comportamento de compra recessivo para um comportamento de compra expansionista.

De fato, enquanto o resto do mundo está reduzindo os seus gastos, os chineses têm inundado os varejistas domésticos “empurrados” pelos estímulos governamentais à atividade econômica e ao consumo. De acordo com uma pesquisa de mercado realizada pela consultora Nielsen, os índices de confiança dos consumidores chineses atingiram o seu valor mais elevado desde meados de 2007.

O aumento da confiança, segundo o estudo da consultora, deveu-se essencialmente ao aumento das perspectivas de emprego na China Ocidental e nas cidades de média dimensão, bem como ao aumento generalizado dos rendimentos ao longo de todo o país.

Segundo dados do Banco Mundial, o pacote de estímulo econômico do governo chinês terá um efeito positivo sobre os rendimentos no país onde se inclui um aumento de 10% nas pensões ao longo do próximo ano. Além deste aumento dos rendimentos médios, as famílias chinesas beneficiaram de uma taxa de inflação negativa que traduziu-se num aumento real do poder de compra dos chineses.

Apesar do crescimento do nível de consumo chinês, a situação mundial e a tradição de poupança do povo chinês fazem com que, em muitas regiões chinesas, o consumo seja encarado de forma prudente. Por outro lado, o fenômeno das reduções de preço enraizou-se no mercado, mostrando-se estes consumidores renitentes à compra em situações de não redução de preço. O aparecimento de marcas com uma relação qualidade-preço maior fez também com que os consumidores estejam mais atentos a este fator.

Apesar de uma compra mais refletida, os consumidores chineses ainda são muito sensíveis aos factores inovação e novidade. As marcas que consigam focalizar os seus esforços na inovação e na introdução de novos produtos terão assim uma posição privilegiada para impulsionarem o consumo um pouco por toda a China.