Nuvens negras sobre o mercado exportador

Com a desvalorização do dólar e o crescimento das importações, o cenário econômico para 2011 para as indústrias exportadoras é semelhante à ameaça de uma tempestade para quem acabou de ser atingido por um raio. As empresas que exportam a sua produção devem ser as mais atingidas. O penúltimo mês de 2010 apresentou um indicador preocupante do que está por vir: 5 mil empregos a menos no setor calçadista.

A importação de pares diminuiu, mas a compra de cabedais e outros componentes aumentou em 2010. Para o diretor executivo daAssociação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Heitor Klein, há indícios de triangulação. “Há evidências que as asiáticas que exportam ao Brasil buscam driblar o direito antidumping”.

Dificuldades para fechar negócios

A Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal) e a Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas e Equipamentos para os Setores do Couro, Calçados e Afins (Abrameq) preveem desindustrialização com o crescimento das importações.

O presidente da Abrameq, Heitor Schreiber, salienta a situação preocupa porque cada vez mais entram produtos importados. Notamos que está mais difícil de concretizar negócios”, destaca.

O dirigente da Assintecal by Brasil, Oséias Schroeder, destaca que a desvalorização do dólar frente ao real reduz a competitividade no mercado externo e certamente haverá uma redução de volume nas exportações. No mercado interno, a entidade acredita que persistirá o aumento de demanda e o Brasil será atrativo com consumidor.

Cautela entre os curtidores

O presidente da Associação das Indústrias de Curtume do Rio Grande do Sul (AICSul), Francisco Gomes, recomenda cautela aos empresários em 2011. “Esperamos medidas do novo governo para mudar esse cenário, que é de crise internacional. O Brasil pode ser afetado”, comenta Gomes. Ele aposta na criatividade e na inovação como forma de escapar da turbulência.