Stylo Urbano
27 de set. de 2016
Nova fronteira da moda compartilhada: aluguel de roupas para o dia a dia
Stylo Urbano
27 de set. de 2016
Quando crianças, nossos pais nos alertavam para não falarmos com estranhos, mas, quando adultos, podemos compartilhar quase tudo com estranhos, carros, casas, bicicletas, filmes, música, roupas e muito mais. Isso se chama economia compartilhada, ou economia colaborativa, e esta mudança aparentemente altruísta está se mostrando um grande negócio.

Segundo um relatório realizado em 2015 pela Price Waterhouse Coopers, as empresas que aderem ao negócio da economia colaborativa têm potencial para aumentar as receitas globais dos atuais US$ 15 bilhões para cerca de US$ 335 bilhões até 2025.
E quais são os consumidores da era da Internet que estão impulsionando essa mudança? As gerações Y e Z. Uma empresa que aderiu a economia compartilhada é a Gwynnie Bee, um serviço de assinatura de aluguel de roupas para o dia a dia voltado às mulheres 'plus size'. A empresa foi fundada por Christine Hunsicker, que ajudou a liderar duas startups de tecnologia adquiridas pelo Yahoo! e Facebook e que agora pretende revolucionar a indústria de vestuário.
Christine resolveu investir nesse nicho de mercado devido ao fato de que 75% da população feminina adulta dos EUA são de tamanho 44 ou acima e que 67% são de tamanho 48 ou acima. As marcas de varejo tradicionais ignoram sistematicamente, ou atendem mal, essas mulheres. Já as grifes famosas simplesmente desprezam sua existência.
Mas outras empresas, como Le Tote e The Ms. Collection, também estão investindo no negócio de aluguel de roupas e acessórios para mulheres. Estamos vendo uma grande mudança, na qual comprar e ter a posse de um produto está sendo substituído pelo pagamento de uma taxa de assinatura mensal para usa por um breve tempo todo tipo de coisas.
A empresa Rent the Runway foi a pioneira no aluguel de vestidos de festa e acessórios de grifes de luxo, para quem não pode comprar, e agora está oferecendo um novo serviço de aluguel de roupas para o dia a dia chamado de Rent the Runway Unlimited, oferecendo uma infinidade de peças.
Os membros podem, por exemplo, selecionar peças de mais de 350 estilistas top de linha por US$ 139 por mês, podendo alugar três vestidos de grife, blusas, saias ou acessórios de cada vez, além de mantê-los pelo tempo que quiserem. Se a ideia do fast-fashion é possibilitar a compra de roupas baratas para se ter uma variedade de opções no guarda-roupa, a mesma coisa se aplica ao aluguel de roupas.
Mas o diferencial é que as peças a serem alugadas não são de redes de fast-fashion por causa da qualidade inferior do tecido e costura, o que impossibilita o aluguel das peças por várias vezes. Essas empresas alugam as roupas por um determinado número de vezes e, depois, as revendem por um preço bem camarada para, assim, poder adquirir novas coleções e manter as ofertas atualizadas.
A economia compartilhada foi adotada primeiramente pela geração Y devido à enorme influência das novas tecnologias digitais que impulsionam as mudanças culturais. Definitivamente a moda compartilhada é um perigo para as redes de fast-fashion, pois substitui o consumismo pelo aluguel de roupas. Fundada em 2011, a Gwynnie Bee oferece às clientes mais de 4.000 estilos e vários planos de assinatura.
Por outro lado, o plano de assinatura mais popular permite que os membros aluguem três itens de uma vez por US$ 79 ao mês. Semelhante ao plano de DVD Netflix, os membros podem manter os itens durante o tempo que quiserem, depois é só enviá-los de volta para obter outros itens de interesse. Até agora, a Gwynnie Bee entregou mais de 3 milhões de caixas de roupas nos EUA.
Um dos benefícios recebido pela Gwynnie Bee foi a comunidade on-line que se formou entre seus membros. Usando o site da empresa, página no Instagram e até mesmo criando suas próprias páginas de fãs no Facebook, os membros compartilham fotos, dicas de estilo, revisões e muito mais. Isso faz a empresa crescer cada vez mais.
A crença renovada na importância da comunidade é um dos motores da economia compartilhada, ou do consumo colaborativo, segundo Rachel Botsman, coautora do livro 'O que é meu é seu: A Era do Consumo Colaborativo'. Outros motivos são o aumento das interações nas redes sociais e tecnologias em tempo real que fundamentalmente mudaram a forma como nos comportamos, as preocupações ambientais sobre a poluição da indústria da moda e a recessão global que alterou o comportamentos de consumo.
"Esses quatro motivos estão fundindo e criando a grande mudança que está nos impulsionando para longe do hiper-consumismo do século XX, em direção ao século XXI, regido pelo consumo colaborativo', disse Rachel Botsman em sua palestra no TED.
Embora a economia compartilhada tenha ganhado força com a Geração Y, seu alcance vai muito além da geração de jovens de 20 e 34 anos. Tanto a Airbnb e como Uber são exemplos de sucesso de empresas de economia compartilhada que não foram construídas apenas dependendo da Gerão Y.
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