New York Fashion Week: Anna Sui, Thom Browne e Tory Burch

Por

Godfrey Deeny

Traduzido por
Novello Dariella

Publicado em
13 de set. de 2021

A NYFW (New York Fashion Week) de cinco dias e meio terminou no domingo, num dia ensolarado depois do sábado solene em memória do 20.º aniversário do 11 de Setembro. Destacamos três estilistas muito influentes: Anna Sui, Thom Browne e Tory Burch. A mensagem-chave: a fantasia é a ordem do dia.

Anna Sui: paraíso na Indochina

Anna, como designer e não editora que é, intitulou a sua última coleção de "Another Day in Paradise", e o seu encantador estilo Sgt.-Pepper convidam a prever uma viagem exótica. Uma profecia que se tornou realidade com uma deliciosa gama de roupas deliciosamente daffy.

O moodboard de Sui apresentou de tudo, desde placas de bar Trader Vic e anúncios do Taiti a máscaras de Honolulu e catálogos Niki de Saint Phalle. Sui conseguiu introduzir tudo isso e muito mais nesta coleção primavera-verão 2022.

Tudo com foco na Indochina, ponto de encontro favorito dos fashionistas nas últimas três décadas. Extravagante mas maravilhoso, com a ajuda do ângulo da câmera do Instagram, empoleirado no bar deste restaurante francês vietnamita pós-colonial, desde seu look de abertura, um biquíni rosa por baixo de uma jaqueta estilo Chanel com estampas Verner Panton, encimado por um enorme chapéu de palha em forma de tulipa.

Cardigans chenille coral, vestidos de renda verde-limão apropriadamente românticos, saias spandex scuba e tops hippie de crochê, todos com complementados com sandálias brilhantes ou plataformas com meias combinando. Como muitos outros estilistas de Nova York, Sui exibiu tops esportivos decorados com flores, levando os looks dos confinados em apartamentos à passarela.
 

"Eu sonho em fugir para um local de férias pouco conhecido, onde o tempo esteja sempre ensolarado, as ondas consistentemente saborosas e as pessoas sempre divertidas e descoladas. Na minha Shangri-La pessoal, acordo todos os dias quando quero, Ando entre pássaros cantantes, palmeiras e flores tropicais de cheiro delicioso, ouço minhas músicas favoritas e peço drinks que vêm com guarda-chuvas coloridos. O clima é sempre otimista e vale tudo: é mais um dia no paraíso!", comentou Anna em um comunicado.

A sensação de joie de vivre e escapismo foi palpável no desfile, que parecia mais uma coleção Cruise do que uma oferta típica de primavera / verão. Tudo com a ajuda do super trabalho de Pat McGrath e uma maquiagem em tons de rosa e areia. O trabalho de Sui pode ser um pouco doce demais, mas quando dá certo, como aconteceu nesta temporada, ele é divino.
 

Thom Browne: mais artifício do que arte

Por qual motivo Thom Browne nunca dirigiu um longa-metragem é um mistério, dado o quão cinematográfico seus desfiles se tornaram. Especialmente o evento de sábado à noite, com uma estrutura de casa gigante digna de um de-Chirico instalada em um jardim francês formal, guardada por um esquadrão de espíritos emplumados e harpias.

Duas das principais figuras na passarela passearam em monociclos, os rostos cobertos por cabeças de cavalos. Dentro da casa, um casal em ternos vagabundos com desenhos trompe l'oeil caminhava mal-humorado. Como os ciclistas, eles usavam versões do traje em flanela cinza, na verdade, como a maioria dos modelos neste desfile.

É verdade que Browne avançou em sua alfaiataria nesta temporada, vestindo casacos eduardianos sem mangas para as mulheres e uma jaqueta safári feita sob medida com capas brilhantes. No entanto, sua incursão na costura, com quase vinte looks, foi rígida e pouco inspiradora.

Além disso, muitas vezes parecia que a arte e o artifício estavam encobrindo a falta de inovação nas roupas. Os desfiles de Browne, três vezes mais longos do que a maioria dos eventos de passarela, lembram as coleções de Pierre Cardin por sua enorme extensão. Este show fez “Last Year in Marienbad” parecer um thriller.
 
Browne construiu uma grande marca e inventou uma nova maneira de as mulheres usarem roupas formais. Mas depois do desfile deste fim de semana, parece que a marca precisa mudar de marcha, em vez de apenas ficar no piloto automático do designer.
 
Pensando bem, um projeto de filme pode simplesmente despertar a sua criatividade.
 

Tory Burch: festa na calçada do Soho

Um bloco de paralelepípedos no Soho, na Mercer Street, com estantes, barracas de verduras e antiquários. Esse foi o cenário ideal para o desfile Tory Burch neste fim de semana.

Era tão boêmio quanto você poderia imaginar: saias com babados na altura do tornozelo, blusas pregueadas enrugadas, calças masculinas oversized de cânhamo, algodão e tecido Chalk com grandes riscas duplas. Vários looks foram acompanhados por cintos de tecido Lonsdale. A maioria dos modelos carregava diferentes bolsas que pareciam ser funcionais e descoladas.

Burch adora apresentações ao vivo e foi assim que seu desfile terminou, com um balé de um dançarino vestido com um agasalho, Lil Buck (também conhecido como Charles Riley) que dançou com o corpo de baile de Benjamin Millepied acompanhado do baterista Cornelius. Um final feliz para um desfile cujo convite incluiu um livro para colorir, um lápis e uma maçã de palha.

Muito material e pouca pele na coleção mais recatada de Nova York, quase sem um membro à vista.  Por outro lado, este é sem dúvida o segredo do sucesso de Tory Burch, que conseguiu inventar um novo paradigma do que significa ser feminina e estar na moda.