
Godfrey Deeny
3 de mar. de 2017
Na Lanvin, Bouchra Jarrar propõe um romantismo impecável

Godfrey Deeny
3 de mar. de 2017
Poética, mas não pedante, romântica e assertiva ao mesmo tempo, a segunda coleção de Bouchra Jarrar para a Lanvin mostra com qual rapidez a criadora se adaptou à famosa Casa de Moda. Uma Maison hoje muito mais francesa que antes: enquanto a grife vestia outrora as estrelas de Hollywood, este ano são as celebridades francesas que se espremeram na primeira fila do público para admirar suas últimas criações.

Nascida em Cannes, Bouchra Jarrar pode se sentir satisfeita por ter sabido atrair personalidades como Éric Cantona, seu marido e, por outro lado, a atriz Rachida Brakni, Lambert Wilson, Isabelle Adjani ou ainda o cantor Christophe Bevilacqua. Se o restante da audiência era mais eclético, os vestuários estavam altamente segmentados com uma paleta estrita, mistura de nude, rosa pó, preto e marfim.
Havia assim vestidos de dança drapeados e enviesados, com mangas de renda, sobretudos ingleses com corte perfeito combinados com camisas de renda, ou ainda casacos de pele em zigue-zague vestidos sobre vestidos melindrosa, sempre de renda.
Bouchra Jarrar aproveitou a oportunidade para injetar seu próprio DNA na coleção, em especial com jaquetas de motociclista chiques, tipo jaqueta perfecto, com cortes em um couro negro envernizado, sem mangas, usadas sobre vestidos de seda e renda. Na passarela, as modelos desfilavam com um remix de fundo de 'Where are we now' de David Bowie.

"Ela trouxe de volta o rock'n'roll à Lanvin", disse assim a cantora e compositora Keren Ann, que se fez presente vestida dos pés à cabeça de Lanvin, em especial com um deslumbrante casaco de pele falsa de zebra. "Só tenho tempo de assistir a um desfile entre as horas de trabalho. Estou compondo a trilha sonora do último filme de Anna Mouglalis, 'La Femme la plus assassinée du monde'.
É impressionante ver a que ponto Bouchra Jarrar moldou a Lanvin à sua imagem. Sob Alber Elbaz, seu predecessor estilista, a Casa de Moda era conhecida por suas joias em tamanhos máxi de estilo excêntrico. Quanto a Bouchra Jarrar, ela utilizou os recursos da grife para imaginar uma série de broches pequenos de pássaros exóticos ornados com strass e cintas que se viam entorno de camisas de musselina e boleros pretos.

"Comecei a trabalhar com as joias, as plumas verdadeiras e os metais mais preciosos. E isso me permitiu desenvolver todo este viveiro", aliás, explicou a criadora de moda.
"Queria um momento de moda puro, nada de política ou de moral", acrescentou nos bastidores, enquanto o discurso do general de Gaulle expresso durante a Libertação de Paris era visível sobre a parede do salão da Prefeitura de Paris dominando o Sena, que acolheu o desfile na quarta-feira.
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