Moda Operandi aborda otimismo dos consumidores de luxo

Por

Sandra Halliday

Publicado em
23 de nov. de 2020

Pode existir um consenso na moda de que os consumidores confinados em casa estão comprando mais calças de moletom e roupas confortáveis, mas um novo relatório de tendências da Moda Operandi sugere que o futuro da moda e do estilo é mais otimista. A varejista online de moda de luxo adianta que as mulheres querem estilo e estão à procura de artigos duráveis e de qualidade.

Em seu último relatório bianual de tendências, a Moda Operandi afirma que as mulheres estão investindo em peças de valor mais elevado. Em média, os clientes gastaram 779 dólares por peça para a próxima estação pré-encomendada no dispositivo RTW, em comparação com os 576 dólares do ano passado.

Além disso, o apetite pela Valentino não está diminuindo. Para a temporada primavera-verão de 2021, a marca vendeu duas vezes mais peças que a última coleção de melhor venda, pois a marca é adequada ao que os consumidores desejam hoje. 

“A coleção capturou o tema 'conforto' que vimos em muitas coleções, mas no caso de Valentino, tratou-se de um 'conforto extravagante'”, observou o relatório.

Com base nos dados do evento trunkshow da empresa para a referida temporada, as coleções que tinham um componente de passarela impulsionaram em média, 40% mais receitas do que as que não tinham, sugerindo que as passarelas eles continuam sendo um grande desafio de marketing para marcas de luxo.

"Os clientes responderam fortemente às imagens e ao barulho das passarelas", afirmou a varejista. Os 10 programas principais com base no valor bruto do pedido foram Valentino, Alessandra Rich, Johanna Ortiz, Gabriela Hearst, Zimmermann, Ulla Johnson, Jacquemus, The Row, Prada e Khaite.

Mas, a coleção de estreia da Studio Amelia RTW estava no top 15 após a sua estreia através da nova plataforma de compras ao vivo da Moda Operandi, a Moda Live. "Os clientes gravitaram especialmente em direção ao vestido deslizante de aparência líquida, ao vestido trench forrado de cetim e à saia midi de lã”.

Com base nos locais onde seus clientes de pré-encomenda estão localizados, os lugares em que as marcas de passarela se concentrarão no próximo ano são Manhattan, em Nova York, seguida por Londres e São Francisco. Em seguida, Seattle, Los Angeles, Greenwich, em Connecticut, Riyadh, Beverly Hills, Brooklyn e Toronto.

E o que mais eles estão comprando? “Peças de moda que podem cumprir uma função dupla, ou seja, que sejam funcionais e fáceis de misturar e combinar”, diz a Moda Operandi. “Os sutiãs de malha são combinados com blazers e calças largas com camisetas”.

Mas enquanto muitos consumidores procuram peças de qualidade atemporais, ainda há tendências emergentes.

Top-sellers para o outono-inverno 2020

Estão a ressoar os vestidos "naked", que revelam partes do corpo  – o que significa que são peças "slinky, ligeiramente transparentes ou bodycon, com qualquer detalhe que realce a forma feminina através de uma confecção leve e sensual". Elas estão surgindo "como outra alternativa às calças de moletom para o comprador de luxo". Os vestidos "naked" foram as peças mais vendidas em várias coleções da primavera-verão 2021, incluindo o slip de malha de algodão da Jacquemus, o vestido em crepe de lã de Christopher Esber, o vestido de malha de algodão da Anna Quan, o Dianella midi da Altuzarra, e o vestido de malha Serita da Cult Gaia.

Os sutiãs e tops cropped também marcaram diferença.pegaram. “Chame isso de efeito Khaite, mas os sutiãs com aro triplicaram sua popularidade nesta temporada, em comparação com a primavera/ verão de 2020”, diz a Moda Operandi.

Sutiãs sem aro foram apresentados em 10% de todos os trunkshows, em comparação com apenas 3% no ano passado. Os tops cropped, entretanto, apareceram em 28% dos trunkshows para a primavera-verão 2021, em comparação com os 16% do ano passado.

Enquanto isso, as partes de baixo focaram em conforto e estilo. Cada uma das 10 calças mais vendidas da primavera/ verão 2021 era folgada, combinando com as malhas, sutiãs e croppeds. As peças em destaque foram as da The Row, St. Agni e Victoria Beckham.

Mas, alguns clientes estão apostando também em peças extravagantes que estão longe de serem utilitárias. A minissaia bordada da Miu Miu de 7.500 dólares foi um best-seller.

Isso reflete o fato de que alguns clientes continuam a investir em itens especiais de maior valor. Isso inclui o vestido bustiê de patchwork com miçangas de Simone Rocha (1.995 dólares), o quimono de malha estampada de Paco Rabanne (4.650 dólares) e o vestido de sarja de seda estampado da Rodarte (1.600 dólares).

Moda Operandi acrescenta que "embora os clientes de luxo estejam, sem dúvida, investindo em peças de maior valor, eles também querem que seu guarda-roupa seja mais útil". Ou seja, eles estão comprando "peças versáteis que podem ser combinadas ou desmontadas para criar um visual totalmente novo". 

Como resultado, estamos assistindo à um aumento na busca por conjuntos em relação aos vestidos para a temporada atual, "e a tendência deve aumentar para a próxima estação". As roupas correspondentes de Alessandra Rich, Etro, Ulla Johnson e Johanna Ortiz "tinham duas vezes mais chances de serem compradas juntas do que separadamente".

Enquanto isso, no que se refere a calçados, os saltos tipo slingback da Prada “estão de volta com tudo, sendo os itens mais vendidos da primavera/ verão 2021. Os sapatos de salto alto, atualizados com a logomarca triangular da marca e materiais em náilon, são comercializados em cinco cores: preto, rosa, laranja, azul e amarelo.

E nesta temporada?

Dado o número de lockdowns no momento e o aumento de casos da Covid, mesmo onde não há bloqueios, é interessante que os consumidores continuem comprando roupas para sair.

A Moda Operandi diz que as vendas de vestuário exterior em proporção a todas as vendas são 115% mais elevadas do que no outono passado. Esta poderia ser uma reação aos apelos dos peritos de saúde pública, encorajando as pessoas a socializarem apenas ao ar livre. As peças que estão vendendo bem incluem o Teddy Coat da Max Mara, o casaco de lã estampado da Paco Rabanne, e a jaqueta de couro vegana da Staud.

A empresa também descobriu que as bolsas foram vendidas por 1.560 dólares em média neste outono, ante 900 dólares, no ano passado", sugerindo que os consumidores estão gastando mais em peças de maior investimento que usarão e serão vistas diariamente". A mais vendida é o Chain Cassette Bag da Bottega Veneta, enquanto a Ruth Bader Ginsburg Clutch da Olympia Le Tan se esgotou horas após a morte da juíza Ginsburg, apesar de ter estado disponível por mais de seis meses. 

No que diz respeito aos calçados, as botas “off-duty”  são a tendência número um, com sete dos 10 sapatos mais vendidos em linha com o estilo utilitário "que leva o consumidor de dentro para fora e vice-versa". As peças populares incluem as botas de couro com cordões da Prada, a bota de couro Chelsea de Proenza Schouler, a bota de borracha Chelsea de Ganni e a bota de couro com sola de borracha Bottega Veneta.

Quanto às joias, oito das 10 peças de moda mais vendidas dos varejistas nesta temporada foram correntes de ouro maciço. “O consumidor de luxo está otimizando as peças ousadas e brilhantes  que se podem destacar fora de caso ou através do Zoom".