Stylo Urbano
25 de set. de 2016
Moda colaborativa: Por que a marca Vetements não pode ser ignorada?
Stylo Urbano
25 de set. de 2016
Todo mundo fala da Vetements, é isso o que aparece nas revistas e nos sites de moda. A marca mais 'hot' de Paris ganhou essa conotação graças à sua estética malcriada e anti-moda. Mas por baixo de toda irreverência, a Vetements está reinventando os negócios na indústria da moda por meio da moda colaborativa.

A etiqueta com sede em Paris, fundada em 2014, capturou a imaginação de influenciadores de moda oferecendo peças ironicamente desconstruídas decoradas com logotipos descaradamente apropriados de outras marcas numa estética sem glamour. Ao leme da marca está Demna Gvasalia (que também é diretor criativo da Balenciaga).
Depois de se formar na Academia Real de Belas Artes da Antuérpia, em 2006, ele passou a projetar a linha feminina da Maison Martin Margiela e, em seguida, tornou-se diretor criativo da linha feminina da Louis Vuitton. Junto com seu irmão, Guram Gvasalia, e cinco amigos que compõem o coletivo de design Vetements, Demna continua a impressionar.
Em julho, a marca apresentou 54 looks masculinos e femininos de sua coleção outono-inverno 2016-17, em Paris, lançada dois meses mais cedo, composta de colaborações com 18 marcas incluindo: Alpha Industries, Brioni, Canada Goose, Carhartt WIP, Champion, Church’s, Comme des Garçons, Dr. Martens, Eastpak, Hanes, Kawasaki, Juicy Couture, Levi’s, Lucchese, Mackintosh, Manolo Blahnik, Reebok e Schott.
Recebida com grande aclamação da crítica, a última coleção da Vetements passou de sua fase inicial precária para se tornar um termômetro de vanguarda para a indústria. Afinal, por que a Vetements é tão importante? Simples, moda colaborativa. A marca é composta de um coletivo de criadores que trabalham de forma colaborativa e que chamam a atenção da mídia de moda por fazer paródia com a propriedade intelectual de outras marcas.
O coletivo usou o nome da Champion para criar uma versão genérica de seu moletom para a primavera 2016, sem a permissão da empresa. Para a primavera 2017, a Vetements trabalhou com a Champion para benefício de ambas as partes. A moda colaborativa também foca na sustentabilidade evitando o hiper consumismo. A Vetements impõe um número máximo de pedidos por atacado, em vez de mínimos, de modo que a roupa seja vendida pelo preço integral, reduzindo a quantidade de resíduos.
E, talvez o mais importante, a moda colaborativa é uma das vertentes da economia colaborativa. O atual cronograma do prêt-à-porter, introduzido na década de 1960, não está mais funcionando de forma racional por causa da competição com o 'fast-fashion' e em razão do imediatismo das redes sociais, que acabou tumultuando a indústria da moda. As grandes redes de luxo estão até firmando parcerias com as 'fast-fashion' para lançar linhas populares. É a massificação do luxo, o que põe em dúvida a exclusividade do design dessas marcas.

A capacidade da Vetements de atrair um leque de parceiros tão vasto, muitos especialistas em sua área, atesta sua rápida ascensão e influência única. As colaborações também permitem que a marca se concentre no projeto, enquanto a terceirização da produção é feita pelo melhor fabricante em cada categoria de produto.
A colaboração da Vetements com essas marcas top de linha está simplesmente modificando a infraestrutura industrial existente, por isso faz sentido. Esse tipo de colaboração também gera muita publicidade para as marcas envolvidas.
Guram Gvasalia, a mente de negócios por trás da Vetements, publicou um livro em 2013 chamado 'Tamanho Zero: Um Guia para a Gestão Espiritual'. O título sugere a conscientização das tendências, valores e economia que fizeram da marca um sucesso. Irreverente e prática, a Vetements encontrou na moda colaborativa uma forma de crescer seu negócio, gerar interesse do público e criar novos caminhos colaborativos. E é por isso que ainda estamos ouvindo falar sobre a Vetements.
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