Microplásticos: têxteis são responsáveis por 35% das descargas nos oceanos
Os têxteis sintéticos como o poliéster, o acrílico e o elastano são de longe os principais responsáveis pela presença de microplásticos nos oceanos, com uma contribuição de 35% das descargas, segundo um relatório enviado por várias ONG* à Comissão Europeia, que prepara uma resposta a esta questão no âmbito da estratégia para o setor de moda. E isso numa altura em que o G7 acaba de estabelecer como objetivo eliminar essa poluição até 2040.

O documento indica que a descarga de microplásticos nos oceanos aumentou dez vezes desde 2005, o que aumento as micropartículas para 171.000 biliões. Entre os contribuintes para esta poluição, os têxteis estão à frente dos pneus (28%), das poeira plásticas das cidades (24%), das sinalizações rodoviárias (7%), dos revestimentos marítimos (3,7%) e dos produtos de cuidados cosméticos (2%).
“As fibras sintéticas são tão baratas que se tornaram omnipresentes na moda rápida. Atualmente, representam 69% da participação de mercado dos têxteis, prevendo-se que este valor atinja cerca de 75% até 2030 (ou seja, um total de mais de 101 milhões de toneladas)”, indica o relatório.
Uma situação que pode piorar ainda mais, segundo as ONGs. “A crescente demanda por moda rápida e a proliferação de tecidos sintéticos significam que as microfibras plásticas deverão aumentar”, alertam. “Essa evolução é preocupante devido à persistência de microplásticos no meio ambiente, o que representa um sério risco para a ecologia e a saúde pública.”
Algumas roupas podem soltar centenas de milhares, ou mesmo milhões, de microfibras numa única lavagem, de acordo com o documento. Este espera de Bruxelas medidas que incentivem as marcas a afastarem-se dos materiais sintéticos e a trabalharem melhor a densidade dos materiais para evitar descargas. Especialmente porque muitos microplásticos também acabam no solo, sendo as águas residuais comumente usadas como fertilizantes na Europa e na América.

Grande parte do documento também é dedicada à questão da filtragem das máquinas de lavar. “Os filtros para máquinas de lavar são a única solução disponível e eficaz para reduzir a libertação de microfibras no meio ambiente a curto prazo, até que soluções de longo prazo sejam desenvolvidas”, afirma o relatório. E não ignora os limites desta abordagem: melhores filtros implicam maior consumo de energia, bem como um preço adicional e maior manutenção que os consumidores na sua maioria não estão dispostos a aceitar.
*Os autores do relatório são as ONGs A Plastic Planet, Matter., PlanetCare, Xeros, et 5 Gyres. O relatório também é apoiado por Fashion Revolution, Ocean Conservancy, Plastic Soup Foundation, Good on You ou Drip by Drip
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