UseFashion
4 de dez. de 2013
Michelle Kauffmann fala do Projeto Museu da Moda
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4 de dez. de 2013
Com especialização em História e Museologia da Moda pelo Fashion Institute of Technology, Michelle Kauffmann atualmente trabalha com na coordenação de Acervo e Conteúdo da Casa da Marquesa de Santos com o Projeto Museu da Moda da Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro.

Conversamos com Michelle que nos contou sobre a profissão de quem trabalha com gerenciamento de museus e exposições de moda. Confira:
UseFashion: Qual é a importância e a relevância dos museus e dos acervos de indumentária para o mercado da moda atual?
Michelle Kauffmann: Os acervos e os museus que colecionam indumentária têm importância crucial, pois estabelecem um lastro de produção e criação. Ajudam a definir e disseminar a cultura da moda global e também de uma cultura especifica. O acúmulo sistemático de roupas, acessórios e têxteis é essencial não só para nos dar noção da progressão evolutiva de estilos, mas também para estabelecer de forma definitiva o pensamento de moda como patrimônio cultural.
UseFashion: Os acervos e as exposições exigem um processo de cuidados quanto à conservação e planejamento. Como se dá este trabalho?

Michelle Kauffmann: É um trabalho minucioso e, sobretudo, técnico. Trata-se de um trabalho perene, constatando sempre o estado das peças, se estão em processo de degradação, se as costuras estão integras, se estão mofando etc. A conservação deve proteger o objeto, estabilizando-o, com metodologias de acondicionamento, manuseio e controle ambiental. Já a exposição, demanda um trabalho especializado, a manequinagem. A manequinagem engloba um conjunto de técnicas para expor a roupa adequadamente. Trabalha para encontrar tanto a verdadeira intenção do criador quanto o corpo que um dia habitou aquela roupa. A manequinagem recria o visual proporcional da roupa, dá ao espectador a sensação de fluidez que temos quando vestimos uma roupa que nos cabe perfeitamente. A manequinagem é sempre individualizada, mas faz uma diferença importantíssima e dá credibilidade à exposição.
UseFashion: Como você vê que as exposições estão sendo vistas e encaradas pelo público e profissionais da área?
Michelle Kauffmann: A moda é comum a todos e por isso interessa mais. As pessoas se sentem parte desse contexto e integradas às exposições que tratam dos costumes e das roupas. A moda tem esse quê agregador, que é muito contemporâneo. As mostras de moda mundo afora trazem um público imenso e também diverso, que não tinham o habito de frequentar museus. Já os profissionais da área, vejo-os super interessados nas exposições, ora por ter acesso à historia, que sempre qualifica o olhar e o saber, ora por desejarem também ter seus trabalhos futuramente expostos.
UseFashion: Como funciona a rotina de quem gerencia museus e/ou exposições?
Michelle Kauffmann: É um trabalho encantador, pois trata da memória das pessoas e das coisas. Lidar com objetos de valor cultural e histórico e pensar maneiras de torná-los acessíveis ao publico é realmente um privilégio. Sobretudo por ser um trabalho que se inicia no Brasil, é também desafiador.
UseFashion: Quais são os desafios das instituições culturais que preservam a história da moda?
Michelle Kauffmann: Guardar, tratar e expor roupas exige grandes e permanentes investimentos. As roupas ocupam espaço em reservas técnicas, não podem ser expostas por longos períodos, o manejo é complexo. Outra questão importante é a escassez de profissionais especializados nessa tipologia de objeto. Tratamos de patrimônio, de nossa memória coletiva, é trabalho que requer muito treinamento e experiência. O profissional que deseja enveredar por esses caminhos precisa estudar museologia, história e cultura de moda, além da gestão cultural.
Fotos: Divulgação
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