Matty Bovan vence ambos os prêmios do International Woolmark Prize 2021
O jovem designer de moda inglês Matty Bovan venceu ambos os prêmios do International Woolmark Prize 2021, Criatividade e Inovação, realizado em formato virtual este ano.
Como um raro duplo vencedor no concurso anual, o designer Matty Bovan foi escolhido por um júri que incluiu a jornalista francesa Carine Roitfeld; o jovem estilista da Serra Leoa, Ib Kamara, cofundador da GUAP (primeira revista do mundo em vídeo); a pioneira do movimento da moda sustentável na Ásia, Shaway Yeh, uma entre os mais influentes líderes da moda na China; a escritora irlandesa Sinéad Burke, ativista da deficiência; a designer chinesa Tasha Liu, por detrás da fundação das plataformas Dongliang e Labelhood de apoio a designers chineses independentes e emergentes; o consagrado designer de moda americano Thom Browne; e a diretora geral da Woolmark, Julie Davies, com funções expandidas ao Processamento da Inovação e Extensão da Educação.
Tendo crescido em York (Inglaterra), onde ainda vive, Matty Bovan – o jovem designer de 30 anos formado na Central Saint Martins, em Londres, em 2015, que conta com um mestrado especializado em Malhas de Moda – é conhecido pela mistura de cores vivas, brilhantes e de alta coloração. A sua coleção de fim de licenciatura com 12 looks abriu a exposição final do curso, exibindo malhas esculturais, texturas e adornos feitos à mão, o que lhe valeu o prêmio criativo L'Oréal Professionel, seguido pelo Graduates Award 2015 da holding francesa LVMH, e passando a trabalhar com o designer de moda americano Marc Jacobs e com a marca italiana Miu Miu.
Atualmente, agraciado como duplo vencedor do prestigiado International Woolmark Prize 2021, Bovan decidiu colaborar ainda no final do ano com o Yorkshire Sculpture Park (YSP), criando uma instalação artística imersiva participativa, que levanta oportunamente questões sobre a identidade e sobre quem a controla.
Como confessou a jornalista francesa Roitfeld: "O que me impressionou no Matty foi a sua capacidade de ganhar ambos os prêmios, pela inovação e criatividade, e eu considero realmente merecedor. É pura moda, me faz sonhar e me faz lembrar Vivienne Westwood enquanto jovem, ou John Galliano, e precisamos desesperadamente desse tipo de estilista no mundo da moda de hoje".
Ao que acrescentou o designer americano, Browne: "Matty é verdadeiro e autenticamente criativo, provando e representando que tudo parte da pura criatividade".
Os prêmios Woolmark são cobiçados há muito tempo, especialmente desde 1954, quando um então jovem Yves Saint Laurent foi agraciado com a criação de um vestido, e Karl Lagerfeld, com um casaco. Este ano, Bovan ganhou tanto o prêmio internacional Woolmark de Criatividade como o prêmio Karl Lagerfeld de Inovação.
Na mais recente coleção da 'Ode ao Mar' de Matty Bovan, este se inspirou em viagens e no escapismo, passando por um acontecimento traumático e saindo pelo outro lado ileso. Usando tecido em rolo da AW Hainsworth de tradição inglesa; serigrafia e pintura manual, Bovan deu nova vida a peças de tecido descartadas. Corridas limitadas dentro da empresa transformaram o tecido em peças comerciais.
"É uma enorme honra ganhar estes prêmios e estou muito entusiasmado para saber onde isto me vai levar. Aliás, já estava muito entusiasmado com a plataforma e experiência do prêmio Woolmark", afirmou Bovan. "Fazer parte do International Woolmark Prize ajudou realmente a elevar a minha marca e a elevar a minha consciência e conhecimento sobre o meu funcionamento como empresa e como marca. Tem sido incrível e adorei cada minuto", acrescentou.
Os outros cinco finalistas foram: Bethany Williams, marca de roupa que colabora com comunidades e instituições de caridade na criação de coleções com histórias reais incorporadas; Casablanca, marca parisiense de moda masculina fundada em 2018 pelo diretor criativo parisiense, Charaf Tajer, de ascendência marroquina; o designer Kenneth Ize e a sua marca homônima centrada na reinterpretação do ofício nigeriano de criar uma perspectiva original na produção dos têxteis e moda de luxo; Lecavalier, da designer franco-canadiana Marie-Ève Lecavalier, que está reinventando o luxo; e Thebe Magugu, marca de moda de luxo sul-africana que leva o nome do jovem designer fundador radicado em Joanesburgo.
Em uma semana movimentada para a Woolmark, o grupo de apoio à indústria da lã e marca global, também abriu um novo espaço em La Caserne, uma nova e excitante incubadora de moda responsável no norte de Paris, que também é apoiada pela Kering e LVMH.
La Caserne é um showroom da responsabilidade da Woolmark, que irá apoiar jovens designers, estudantes e marcas empenhadas com uma seleção de tecidos de lã inovadores e sustentáveis, ajudando as marcas a descobrirem a versatilidade deste material natural, renovável e circular. Este tipo de compromisso tem estado no centro da estratégia da Woolmark há muitos anos. O grupo tem trabalhado com o programa profissional IME da LVMH nos últimos três anos e lançou estudos de caso com a escola de negócios ESCP sobre os desafios da moda sustentável.
A abertura da incubadora foi celebrada com uma instalação de pátio com desenhos de dois dos finalistas deste ano, Casablanca e Thebe Magugu.
Conversamos Damien Pommeret, diretor geral regional da Woolmark, para apurar as últimas novidades sobre todas as movimentações da sua organização.
FashionNetwork.com: Por qual motivo a Woolmark se juntou à La Caserne?
Damien Pommeret: Sou responsável por toda a Europa Ocidental, e estou radicado em Paris, embora uma grande parte da equipe esteja sediada em Londres. Mas quando ouvi falar deste novo conceito, e deste local, pensei que seria ótimo. Quando as pessoas viajam para ver moda, querem ir para um lugar fácil de entrar, onde se pode ter restaurantes, terrasses e showrooms, como La Caserne. Por isso, criamos aqui um showroom permanente, mesmo por cima da entrada. Em cima de nós temos a LVMH e no último andar está a Kering. Há muitos novos designers e marcas diferentes. O conceito é realmente o de reunir pessoas, pessoas que não se conhecem, há uma grande mistura.
FNW: Como você vê este projeto evoluir?
DP: Na moda, raramente tem havido uma cultura para partilhar ou trocar. Por isso, discutimos como vamos mudar a forma como trabalhamos. Para nós, como empresa sem fins lucrativos que já existe há muito tempo, fazemos muitas coisas, mas talvez não sejamos bons em comunicar isso. E aqui melhoramos isso. Estamos fazendo muitos projetos, trabalhando com o bem-estar animal; com a circularidade; com toda a cadeia de fornecimento e com marcas. Dizemos: "Ei, quer mudar um pouco a sua oferta?" porque talvez neste momento 15% do que se vende no luxo ainda seja plástico. Muitas marcas não sabem como mudar. Assim, por exemplo, estabelecemos uma bela colaboração com a Prada no The America's Cup, através de uma coleção 100% lã e sem produtos químicos – essa inovação está disponível para marcas e designers.
FNW: Como irá funcionar o seu espaço?
DP: Teremos duas pessoas permanentes. Cinco dias por semana será possível visitar, para ver o que está disponível, para se inspirar, para discutir questões técnicas incertas. Estamos também fazendo parcerias com a IFM (a principal escola de moda de Paris), a Parsons e até mesmo com faculdades de engenharia. Em setembro vamos finalizar uma grande colaboração com a ECMCP, que é uma das melhores escolas de negócios na França. Isto mostra a nossa missão de educar todos os estudantes, para que saibam o que é uma fibra natural.
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