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Novello Dariella
Publicado em
20 de abr. de 2021
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LVMH se compromete com design ecológico, rastreabilidade e plástico reciclado através do plano Life 360

Traduzido por
Novello Dariella
Publicado em
20 de abr. de 2021

LVMH, a número um do luxo mundial, apresentou um novo roteiro ambiental em sua assembléia geral na quinta-feira, 15 de abril.


Antoine Arnault - Courtesy of Berluti


Este novo programa, denominado Life 360, detalha os quatro eixos principais nos quais o grupo pretende avançar até 2030. Ele deriva do programa Life 2020, lançado em 2016, que tinha quatro objetivos ambiciosos: melhorar o desempenho ambiental de todos produtos, implementar os melhores padrões na cadeia produtiva, melhorar os indicadores-chave de eficiência ambiental de todos os centros e reduzir as emissões de CO2.

Compromissos que, segundo o grupo, têm permitido aumentar para 40% a participação das energias renováveis ​​no seu mix energético, reduzir o consumo de energia das suas lojas em 31% e ter 74% das peles provenientes de curtumes certificados.

Com o Life 360, a LVMH adota uma abordagem que se concentra em quatro eixos: circularidade, rastreabilidade, biodiversidade e respeito ao clima. Não se trata mais de"melhorar" o desempenho ou as metas, mas anunciar claramente suas metas.

“A nova bússola ambiental do grupo aponta para o futuro ao definir os programas de ação que serão aplicados em 2023, 2026 e 2030”, explicou Antoine Arnault, Diretor de Imagem e Meio Ambiente da LVMH, durante a assembleia geral.

Em relação ao foco na circularidade, o grupo quer deixar de usar embalagens plásticas virgens de origem fóssil até 2026. Agora que está aberto o debate sobre as alternativas ao uso de sacolas de polietileno, esses recipientes plásticos descartáveis ​​que tanto são utilizados no transporte de roupas e acessórios, a LVMH quer entrar no movimento.

Mas o grupo irá se apoiar em um novo enfoque de "circularidade criativa" em todas as suas atividades. “É uma abordagem que cabe aos nossos designers. É muito importante porque são prescritores. Queremos lançar novos serviços circulares e fazer parte de uma abordagem baseada no design ecológico”, explicou Hélène Valade, diretora de desenvolvimento ambiental do grupo, durante uma apresentação à imprensa.

“Acredito muito neste novo modelo econômico. E o aplicamos na indústria do luxo. Ele nos permite ser criativos em termos dos materiais que utilizamos, materiais de origem biológica, avançar na agricultura regenerativa e explorar novos materiais”, disse Hélène Valade.

O grupo quer que 100% dos seus produtos sejam fabricados com um design ecológico até 2030. E antes disso, em 2023, a empresa pretende implementar estes serviços circulares.

"O que nos move não é a segunda mão, mas a segunda vida", disse Hélène Valade. “O que torna nossos produtos especiais é a excelência dos materiais e sua durabilidade. Vamos reforçar e duplicar os serviços de reparo e pátina desenvolvidos na Louis Vuitton e Berlutti”, acrescentou.

No momento, o foco parece estar mais voltado para o reaproveitamento de materiais dentro da oferta das marcas de luxo, embora o grupo diz que também incluirá a pesquisa e a busca de materiais alternativos nos próximos anos.


Hélène Valade - DR


Embora as marcas possam estar competindo entre si, a gestora destaca o desejo do grupo de colaborarem nas boas práticas ambientais e no uso de materiais. Com esse espírito, foi criada uma startup dentro da LVMH para conectar as diferentes marcas, de forma que o estoque de materiais inativos possa ser adquirido por qualquer marca do grupo.

A companhia também se comprometeu a fornecer 100% de suas cadeias de suprimentos estratégicas com um sistema de rastreabilidade até 2030. Diante das expectativas de transparência por parte dos consumidores, o grupo, que já está testando um código QR que apresenta a composição de peças de vestuário com a Patou, pretende rastrear toda a sua cadeia de valor para garantir aos seus clientes a origem dos materiais.

“Isso é absolutamente crucial. Vai nos permitir ter uma visão de responsabilidade em toda a cadeia de valor, do campo à loja. 2030 pode parecer uma data muito distante, mas queremos levar em conta todos os setores com suas especificidades . Alguns de nós já estão muito avançados. Mas, por exemplo, no caso do ouro é muito difícil seguir o rastro do mineral desde as refinarias. No caso do couro e das peles, ainda temos que avançar para rastrea-los antes de sua chegada aos curtumes. As novas tecnologias e o blockchain abrirão novas possibilidades nos próximos anos” diz Valade.

Essa tecnologia também permitirá à LVMH avançar em seu plano estratégico dedicado à biodiversidade, cujo objetivo é interromper o abastecimento em áreas ameaçadas pelo desmatamento e desertificação. O grupo também anunciou que quer que "100% das matérias-primas estratégicas sejam certificadas de acordo com os mais elevados padrões de conservação de ecossistemas e recursos hídricos até 2026”. Isso pode parecer muito distante, mas o grupo já está trabalhando nessa questão há pelo menos cinco anos. A agricultura regenerativa parece ser um novo pilar da política ambiental do gigante do luxo, que anunciou sua meta de "reabilitar 5 milhões de hectares de habitat para a fauna e a flora até 2030".

Por fim, em relação ao clima, o grupo anunciou suas ambições em termos de consumo de energia. Seu objetivo é passar a usar 100% de energia renovável em seus centros produtivos e em suas mais de 5.000 lojas ao redor do mundo, e reduzir suas emissões de gases de efeito estufa em 50% até 2026.

“Também queremos tentar medir o impacto ambiental das semanas de moda”, acrescentou Hélène Valade. “A Federação de Alta Costura e da Moda forneceu uma ferramenta para calcular o impacto dos desfiles e da difusão das semanas de moda e vamos quantificá-lo. O que está claro é que a tecnologia digital tem um impacto ambiental real”.

No que diz respeito às emissões de gases do efeito estufa associadas à produção de matérias-primas e transportes, que representam a maior parte das emissões do grupo, o objetivo é reduzi-las em 55% por unidade de valor agregado (o que corresponde ao consumo de recursos necessário para a fabricação de um artigo escolhido como representativo da produção da empresa) até 2030.

“Existem vários caminhos. A nossa ambição é estar em linha com os compromissos do Acordo de Paris. No transporte, isso significa dar preferência ao marítimo em detrimento do aéreo. Devemos trabalhar em tudo o que está relacionado à economia circular, porque a reciclagem ajuda a reduzir o impacto do carbono. Um quilo de lã reciclada representa 455% menos carbono do que a lã virgem. O mesmo acontece com o objetivo de conferir as embalagens. Vemos o potencial dos refis nos perfumes Christian Dior”, disse.

De acordo com o relatório RSC 2020 do grupo, a divisão de perfumaria e cosméticos, que no ano passado transportou a maior parte de seus produtos por via aérea, tem muito espaço para melhorias. A divisão de moda e artigos de couro, com altas emissões de gases de efeito estufa gerados pelo transporte aéreo de materiais e produtos, também tem um potencial significativo.

O grupo, através de Antoine Arnault, irá comunicar de forma regular o andamento deste plano Life 360, se apoiando na experiência da empresa especializada Quantis. Se há alguns anos os investidores viam os compromissos ambientais com certo receio, parece que agora o tema está ganhando aceitação. Na última quinta-feira à noite, as ações da LVMH subiram ligeiramente na bolsa de valores de Paris e sua capitalização de mercado atingiu 309,56 bilhões de euros.

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