Luxo: China bagunça o setor
As notícias da China abalaram o setor dos artigos de luxo na semana passada. No entanto, as empresas e os grandes grupos parecem estar se recuperando lentamente do colapso dos mercados financeiros. Mas as ameaças ainda pesam. Se na segunda-feira (23), a Kering recuperou 2,96%, a LVMH 2,68% e a Hermès 3%, no final da sessão de terça-feira (24), a maioria das marcas ainda estava em queda de 1% a 2%.
O anúncio pelas autoridades chinesas de um plano de redistribuição de riqueza acendeu a caixa de pólvora. Temendo um aumento da alíquota para as classes altas, principais consumidoras de produtos de luxo, os investidores reagiram fortemente, fazendo despencar os valores do setor em todas as bolsas. Em poucos dias, o valor dos principais grupos cotados caiu quase 13%, com perdas nas suas capitalizações na ordem das dezenas de bilhões de euros.
No entanto, esta queda deve ser vista no contexto de fortes altas anteriores. Como apontam vários analistas, os resultados do setor têm sido fortes nos últimos meses, sustentados pela recuperação trimestral recorde de alguns grupos, cujos valores subiram até 40% em alguns casos. Além disso, as projeções continuam positivas para o final do ano e para 2022, principalmente devido à recuperação do mercado estadunidense.
Em relatório publicado na terça-feira, analistas da Bernstein destacam, porém, que para o setor de luxo "os riscos não estão mais ligados à reorganização dos gastos chineses, mas às mudanças políticas na China".
“A demanda chinesa por bens de luxo pode ter um duro retorno à realidade devido a várias políticas de riqueza e tributação, novos comportamentos de consumo (nacionalismo), bem como tensões comerciais internacionais que podem afetar o setor, etc. Este cenário parece improvável no momento", argumentou a empresa, que disse que " as empresas continuam a ver a China como uma oportunidade, e não como um problema".
É verdade, mas as decisões políticas de Pequim, combinadas com a desaceleração econômica e o ressurgimento de casos de coronavírus na China, podem desacelerar a recuperação espetacular registrada pela indústria de luxo no início do ano. Isso é suficiente para acalmar o entusiasmo por um futuro que permanece mais incerto do que nunca. Em particular para as marcas com maior exposição na Ásia, como as do setor de luxo, entre as quais Hermès, Burberry, Richemont, Prada, Kering e LVMH.
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