Luxo: Bain & Co. estima contração de 60 a 70 bilhões de euros em 2020
O coronavírus está atingindo com força a indústria do luxo. Segundo um estudo da consultoria Bain & Company, no primeiro trimestre de 2020, é estimada uma contração do mercado global de luxo entre 25% e 30%. No acumulado do ano, é estimado um prejuízo entre 60 e 70 bilhões de euros (o equivalente à uma desaceleração de 22 - 25%), com um impacto desproporcional nos lucros.
Os números do início do ano refletem a forte desaceleração do consumo na China, epicentro do primeiro surto de Covid-19. Em 2019, o país representou 90% do crescimento global do mercado de luxo. Mas a evolução da pandemia agravou o cenário global, com efeitos negativos em todos os principais mercados mundiais, começando na Itália, maior centro produtivo do setor.
"É provável que os efeitos [do Covid-19] na indústria do luxo ainda sejam sentidos em 2021, com diferentes magnitudes e velocidades de recuperação nos vários países afetados", disse Federica Levato, parceira e líder da divisão de moda e luxo Bain & Co. Itália.
“A China e o mercado asiático em geral podem registrar a recuperação mais forte, e sinais positivos já foram detectados nas últimas semanas. Japão, Europa e o continente americano provavelmente sofrerão um impacto mais prolongado antes de se estabilizarem nos níveis de crescimento pré-crise, dependendo também das tendências da economia”, acrescentou.
As previsões permanecem incertas devido à evolução contínua da pandemia, embora o passado recente permita um otimismo cauteloso, uma vez que setor já superou grandes crises, como a de 2008 ou a provocada pela SARS, em 2003. Olhando para o lado positivo, a atual emergência global de saúde também pode representar uma oportunidade para as empresas melhorarem e emergirem mais fortes do que antes.
Para a analista, "os fundamentos permanecem inalterados e sólidos, e levarão o mercado a continuar seu caminho de crescimento no médio e longo prazo: da crescente demanda dos consumidores de classe média da China à maior propensão das novas gerações para comprar bens de luxo, além da evolução contínua do comércio eletrônico".
Após a crise, a China e o comércio eletrônico ganharão mais influência. Alguns hábitos de compras online permanecerão além do período de isolamento. A preocupação do consumidor com a sustentabilidade ambiental e social se fortalecerá, enquanto as escolhas éticas das marcas se tornarão os principais influenciadores das decisões de compra. Por fim, as marcas de luxo terão que lidar com um aumento generalizado do orgulho local e com uma crescente necessidade de inclusão pelos consumidores.
“O objetivo final [das marcas] é reavaliar os principais fatores de sucesso de seus negócios, emergindo mais fortes, inovadoras e proativas, por meio de um plano de ação claro e articulado em cada área do modelo de negócios", conclui Levato.
Nas conclusões do estudo, a Bain & Co sugere que as empresas do setor otimizem o modelo de tomada de decisão e operacional, definam uma estratégia orientada ao consumidor, repensem a cadeia de suprimentos em termos de flexibilidade e sustentabilidade, aprimorem o ecossistema omnichannel e internalizem o marketing digital.
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