Louis Vuitton reage à polêmica em torno de Michael Jackson
A Louis Vuitton não esperou muito tempo para reagir à crescente polêmica em torno de Michael Jackson. Há alguns dias, a marca está no centro das atenções com sua mais recente coleção de moda masculina para o outono-inverno de 2019, inspirada no rei do pop e desenhada por Virgil Abloh. O desfile da marca aconteceu pouco antes da apresentação do documentário "Leaving Neverland", no Festival de Cinema de Sundance, nos Estados Unidos, em janeiro, no qual o cantor é novamente acusado de pedofilia.

Virgil Abloh certamente não é o primeiro estilista a se inspirar em Michael Jackson. Hugo Boss prestou homenagem a ele em novembro do ano passado com uma coleção-cápsula, assim como a Supreme, em 2017, e a Balmain, em sua coleção masculina para o verão de 2019, com alguns modelos que foramclaramente inspirados no cantor. Mas sua segunda coleção para a Louis Vuitton, que leva o espírito pop do cantor, não surgiu num bom momento.
A transmissão do documentário, nos dias 3 e 4 de março, no canal americano HBO, provocou um enorme boicote contra o artista americano, gerandoa retirada, incluindo suas canções em muitas rádios. Um movimento, que agora está se estendendo por tudo o que está relacionado ao autor de “Thriller".
Há alguns dias, o diretor artístico das coleções masculinas da Louis Vuitton disse ao site Complex e jornal New York Times que ele não tinha muito conhecimento sobre o documentário, e explicou que sua intenção era fazer com o que o “lado bom” de Michael fosse lembrado.
Em um comunicado que a Louis Vuitton divulgou na quinta-feira, 14 de março, o designer explica que "sua intenção para este desfile era falar de Michael Jackson como um artista da cultura pop, de sua vida pública, conhecida por todos, e de seu legado, que influenciou toda uma geração de artistas e designers”.
O estilista admitiu, no entanto, estar "ciente de que, devido ao documentário, o desfile provocou reações emocionais". "Eu condeno formalmente todas as formas de abuso infantil e maus-tratos, violência ou violações dos direitos humanos", continuou.
"Consideramos as alegações no documentário profundamente perturbadoras e preocupantes. "A proteção e o bem-estar das crianças é de extrema importância para a Louis Vuitton. Estamos totalmente comprometidos com esta causa”, acrescentou o presidente e CEO da Louis Vuitton, Michael Burke.
De fato, as referências à estrela pop estavam relacionadas principalmente ao cenário e ao convite do desfile, como uma luva branca, assim como alguns detalhes, como mocassins de couro preto, tops decorados com glitter prateado e t-shirt com o desenho do famoso passo de dança de Michael Jackson, com meias brancas e na ponta dos pés. Parece que a Louis Vuitton decidiu não produzir essas peças.
Nesse caso, a Louis Vuitton poderia ter a sua imagem prejudicada. A marca francesa, portanto, preferiu intervir logo no início, dada a velocidade com que as redes sociais se mobilizaram, e, recentemente, afastaram grandes grifes acusadas de racismo por terem produzido produtos “blackface", que lembram caricaturas racistas do passado.
"Esse episódio que atingiu a Louis Vuitton é o mais recente, parte de uma sociedade agora inundada por esse tipo de polêmica. Se isso possibilitar um diálogo maior, será positivo. Mas quando leva proporções exageradas, pode bloquear a criatividade", adverte Linda Loppa, que dirige desde 2016 a plataforma de Estratégia e Visão da Polimoda.
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