Louis Vuitton e os jovens do Musée d'Orsay
Nicolas Ghesquière surpreende a cada temporada com algo muito novo. Na segunda-feira (7), para a Louis Vuitton, ele apresentou uma alfaiataria fresca e volumosa, e estampas magníficas com fotomontagens de uma juventude ideal.
Tratavam-se de fotos que o fotógrafo David Sims tirou quando jovem, na década de 90, início de sua carreira. Jovens em sua plenitude, entrando na idade adulta, apareceram em uma dúzia de looks: no decote dos vestidos florais; ou costurados em cetim vermelho sobre um casaco branco acolchoado que era, ele próprio, uma gravura composta de fotos desses mesmos jovens. Vários garotos magros dançavam em suéteres pixelados com estampa de tapete ou brilhando em casacos de lantejoulas.
O melhor de tudo, sobre várias camisas de rugby xadrez gigante, a mais recente expressão da obsessão de Ghesquière com a moda: casar roupas esportivas com alta costura atlética. Metade de suas roupas eram combinadas com culotes florais ou dhotis com padrões de papel de parede.
O elenco parecia super fresco. De alguma forma, seja com Marc Jacobs ou agora com Ghesquière, a Vuitton sempre consegue ter os melhores elencos de Paris.
"Esta coleção é dedicada à juventude, na esperança de que ela possa manter a poesia não resolvida da adolescência como uma vestimenta impecável, com todo o seu romantismo vívido, idealismo inspirador, esperança no futuro, em um mundo melhor, e seus sonhos de perfeição", explicou o designer
Como de costume, a Vuitton obtém os melhores locais para realizar os desfiles, mostrando o poder da marca de luxo mais lucrativa da França. Nesta temporada, o evento foi realizado no Musée d'Orsay. O museu de arte do século 19 e seu piso térreo repleto de estátuas foram o cenário ideal para Ghesquière e seu estilo que mistura épocas. Em outra jogada inteligente, a casa conseguiu reservar L'Orangerie para temporadas futuras.
O desfile começou com proporções um tanto exageradas: calças largas enormes, jaquetas de couro, camisas militares e várias gravatas florais. No entanto, tudo tinha um ar descontraído e muito parisiense. Mais tarde, alguma confusão surgiu com enormes coletes peplum com tentáculos feitos do que só poderia ser descrito como lã bouclé estilo Chanel.
Dito isto, a coleção como um todo foi uma declaração ousada e memorável. A novidade de maior destaque foi a aposta de Nicolas em volumes: blazers estilo cocoon combinados com coletes oversized, todos com lapelas largas. Destaque também para um quarteto de vestidos de malha lurex e lã com bolsos laterais profundos combinados com golas altas. Celebrando o que Ghesquière chamou de "A impermanência e a bela volatilidade da adolescência".
A casa pode ter fechado todas as suas lojas na Rússia, mas a sensação no desfile foi de total confiança quando Ghesquière foi cumprimentar o público. A apresentação foi acompanhada por uma trilha sonora eletrônica que incluiu Far Away, de Julianne Wolf, um bom título para esta coleção. Porque esta foi de longe a mais inesperada de Paris, uma marca gigante com um designer que continua fazendo boas experimentações.
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