Exclusivo
5 de nov. de 2013
Lioveral Bacher (Paquetá ): “O varejo vai ter de se reinventar”
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5 de nov. de 2013

Origens humildes, decisões certeiras e espírito de equipe. São esses alguns fatores marcantes na vida e carreira de Lioveral Bacher, diretor corporativo do grupo Paquetá – The Shoe Company, que engloba fábricas e rede de lojas. Bacher, com tenacidade, solidifica uma carreira de 28 anos na empresa, um dos maiores grupos calçadistas do País, com mais de 18 mil funcionários, da indústria ao varejo.
O executivo, que iniciou sua trajetória como diretor comercial quando a rede possuía 19 lojas – hoje são 180 –, cresceu junto com a empresa, sendo reconhecido como gestor e valorizando o trabalho de seus funcionários. Em sua equipe, o dirigente afirma que a valorização do capital humano é prioridade. Além disso, alguns ingredientes fazem parte da receita para se tornar um líder bem-sucedido, entre eles a ambição profissional. “Sempre tive o ímpeto de crescer. Um empresário deve ser assim, pois quem fica parado está regredindo”, sentencia.
Bacher esteve presente nas grandes aquisições da empresa. Em 1994, quando a Paquetá comprou sua maior concorrente, a Gaston, o executivo acompanhou a transação. “Compramos o nosso maior concorrente em Porto Alegre/RS, que na época era do tamanho da Paquetá. Foi uma decisão muito arrojada”, conta. Em 2005, veio a aquisição da rede nordestina de lojas Esposende, então com 30 lojas. Hoje são 74.
SUCESSO
O segredo do sucesso Bacher revela não saber, mas afirma que é possível ter diversos truques na manga. “Em vez de juntar apenas dinheiro, junte também relacionamentos. O que me trouxe até aqui foram as pessoas”, indica. O empresário também destaca a humildade como um ingrediente importante para conquistar clientes e fornecedores, além de muito trabalho e força de vontade. “A nossa empresa é muito humana e muito simples”, resume. Segundo ele, outra dica é buscar pessoas comprometidas. “Temos um lema: há hora pra chegar, mas não há hora para sair”.
INOVAÇÃO
“Se reinventar é preciso”, exalta Bacher. E esse foi o mote da reestruturação da empresa, que abrange desde a gestão dos negócios das fábricas até o ponto de venda. Sob o nome Paquetá – The Shoe Company, o líder afirma que a empresa é familiar, contudo, muito profissionalizada. “Criamos um conselho, que opera há dois anos, e uma diretoria corporativa com os sócios que detêm o maior capital da empresa”, explica. Além disso, foram criados três comitês: o de família, o de risco e o estratégico. “Também temos uma auditoria externa e as ‘sete caixinhas’, como chamamos internamente, na qual promovemos executivos que não fazem parte da família”, complementa.

No ponto de venda, as mudanças são visuais e funcionais. “Encontramos um modelo de varejo no qual é possível trabalhar com moda infantil, feminina, masculina e esportivos”, revela Bacher, salientando que o segmento das crianças tem muita oscilação de vendas, desta forma, a Paquetá criou uma operação específica nas lojas. “São duas operações distintas no mesmo lugar”, ressalta. Devido ao sucesso, o modelo está sendo expandido. “Operacionalizamos diversas lojas em uma só, administrada pelo mesmo gerente e fazendo uso do mesmo caixa. O resultado são custos menores e uma operação completa”, detalha.
Confira agora uma entrevista com o diretor corporativo:
Jornal Exclusivo – Quais os focos da reestruturação pela qual a empresa passou?
Lioveral Bacher – Nossa empresa se viu obrigada a mudar por conta dos problemas com as exportações que o País vem sofrendo. No início, o varejo representava 10% do faturamento total, hoje representa mais de 50%, e a expectativa é de que em 2020 chegue a mais de 60%. Nós temos o planejamento, chamado de ‘2020’, que iniciamos em 2011 e revisamos recentemente.
O foco é, principalmente, no varejo e na monomarca, que envolve Dumond, Capodarte, Lilly's Closet, Ortopé e Atelier Mix. A situação da exportação nos fez buscar outros caminhos, como, por exemplo, a fábrica que abrimos na República Dominicana para conseguir manter o cliente conosco. Hoje, essa instalação abriga 2,3 mil funcionários. Além disso, há 15,7 mil aqui no Brasil, totalizando 18 mil funcionários em nossa empresa.
Jornal Exclusivo – Quais os planos de expansão?
LB – Nós temos uma bandeira principal no momento, que é expandir a Paquetá Esportes no Brasil. É um conceito novo de loja. No Brasil não existem muitas neste segmento. Hoje, o mercado de shoppings é dominado por um grupo pequeno de empresários. Conseguimos uma negociação muito boa com o Shopping Iguatemi (Porto Alegre/RS), no qual abriremos mais três lojas em 2014. Também fomos procurados pela Nike e acabamos de assinar um contrato para sermos franqueados deles, através da Nike Store. A primeira loja abriremos no Praia de Belas Shopping Center, em Porto Alegre.
Tudo isso é resultado de uma ótima negociação, estamos muito orgulhosos. E, para nós, é muito importante aliar nosso nome a uma das maiores marcas de esportes do mundo. Ainda no nosso planejamento, queremos chegar a 350 lojas em 2020. Entre essas, a Paquetá Esporte será expandida em nível nacional. A Esposende manteremos focada na Região Nordeste e a Gaston, no Sul. Já a Paquetá continuaremos concentrando no Sul e no Centro-Oeste do País.
Jornal Exclusivo – E vocês estão abertos a novas aquisições?
LB – Estamos abertos sim. É uma maneira de crescer mais rápido. Nós sabemos que é muito difícil entrar em uma capital, ou em um Estado, abrindo poucas lojas. Adquirir uma rede completa é mais fácil.
Jornal Exclusivo – Como você vê o varejo do futuro?
LB – Isso nos preocupa um pouco. O varejo vai ter de se reinventar. A sapataria tradicional, com o tempo, não vai mais ser possível. Na questão da Internet, temos nosso e-commerce, com os devidos investimentos. Mas o que dificulta essa operação é o frete grátis, que está na moda no Brasil. O custo da divulgação também é alto. Nossa loja virtual representa o mesmo que uma única loja física, mas não podemos ficar de fora. Estamos buscando um executivo com amplo conhecimento nessa área para dar mais foco no ambiente on-line, pois entendemos a importância disso.
Também estamos adquirindo novos centros de distribuição. Além disso, trabalhamos muito a questão de informatização das lojas. Integramos o sistema da Paquetá e da Esposende. Assim, o consumidor pode comprar em ambas as lojas com o mesmo cartão.
Jornal Exclusivo – A Paquetá é conhecida pela força no treinamento. Como está estruturado esse processo?
LB – Nós estamos criando a Unipaquetá, dedicada ao treinamento e formação de pessoas. Também prezamos muito a promoção de funcionários internos. Em qualquer vaga que surge, procuramos primeiramente reconhecer os talentos internos. Quando entrei na Esposende, havia poucas mulheres trabalhando. Hoje, mais de 50% da nossa gerência é feminina. No varejo não é fácil reter profissionais, pois os jovens não querem trabalhar aos finais de semana. Se não houver treinamento e perspectivas de carreira não é possível segurar o bom funcionário. Trabalhamos com metas e premiações para atrair as pessoas.
Fotos: Jornal Exclusivo
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