LVMH prevê grande futuro com a Tiffany
"A LVMH demonstrou notável resiliência neste ano de pandemia". Foi nestes termos que Bernard Arnault – o CEO da empresa de bens de luxo número 1 do mundo – abriu sua assembléia geral na quinta-feira (15 de abril), enfatizando que o grupo está "em uma excelente posição para fortalecer sua liderança no mercado global". Estas palavras foram confirmadas pelos resultados trimestrais recordes, divulgados na terça-feira (13). No período, as vendas da divisão "relógios e joias" aumentaram mais de 100% graças à contribuição da Tiffany & Co.
Devido às restrições sanitárias, a reunião foi realizada em formato digital pelo segundo ano consecutivo, em ritmo acelerado, principalmente no que se refere às respostas às perguntas dos acionistas. Sobre a reabertura da La Samaritaine, o diretor-geral Antonio Belloni disse que esta será feita "gradualmente a partir do verão, se as condições sanitárias permitirem". A proposta de pagamento de um dividendo de 6 euros por ação para o ano fiscal de 2020 também foi confirmada.
A operação Tiffany foi mencionada várias vezes durante a reunião. Adquirida por 15,8 mil milhões de dólares, a joalheria americana juntou-se ao grupo no início do ano. Para o seu primeiro trimestre na LVMH (que difere de 2019 porque começou a partir do final de janeiro na contabilidade anterior), a marca registrou um crescimento publicado em dólares de 8% a 9%. A contribuição ajudou a divisão dedicada aos relógios e joias a aumentar suas vendas em 132% para 1,78 bilhão de euros nos primeiros três meses de 2021.
“É uma das joalherias mais icônicas em um setor onde há muito poucas marcas reconhecidas globalmente”, disse Antonio Belloni. “É um emblema. A marca que simboliza o amor. Saberemos como fazê-la brilhar ainda mais para torná-la a marca de joias mais desejável”, acrescentou Bernard Arnault.
“Seu potencial é enorme e sua integração é muito importante para nós. É realmente a prioridade número um. É um desafio e acreditamos que devemos dedicar todos os nossos recursos a ela”, disse o CFO Jean-Jacques Guiony, excluindo o possibilidade de qualquer nova aquisição no curto prazo, “para não diluir esses recursos”.
Os líderes do grupo não detalharam o programa que planejam implementar para a recuperação da Tiffany, mas deixaram claro que isso levará tempo. "Basicamente, estamos falando de anos e não de trimestres", indicaram. O problema até agora tem sido o ritmo que a bolsa de valores impôs à marca anteriormente, que “não era adequado porque não havia tempo para desenvolver a estratégia necessária para crescer”, disse Jean-Jacques Guiony.
“Levará anos para fazer o que queremos com essa marca do ponto de vista de distribuição, merchandising e marketing. Há muito o que fazer, embora não saibamos quanto tempo vai demorar. É muito trabalhoso, mas estamos empenhados.Estamos confiantes de que com a força da marca seremos capazes de atingir os nossos objetivos, os quais informaremos à medida que forem evoluindo”, explicou, citando o exemplo da Bulgari, a marca de joias italiana que foi adquirida em 2011 pela LVMH e que dobrou seu faturamento em uma década.
Em particular, a LVMH estaria se preparando para renovar a ampla linha de produtos da Tiffany para se concentrar em ouro e pedras preciosas, enquanto atualiza suas famosas pulseiras de prata e fortalece o segmento de relógios, de acordo com fontes recentemente citadas pela Reuters.
Como o CFO lembrou durante a reunião, os resultados financeiros do grupo são muito sólidos. Com 6 bilhões de euros, o fluxo de caixa de 2020 efetivamente manteve o mesmo patamar de 2019, graças à redução dos investimentos e variações no capital de giro, “um desempenho bastante notável”, segundo o executivo. Com isso, a empresa encerrou o ano com menos endividamento do que no ano anterior, passando de 6 bilhões de dólares em dívidas em 2019 para 4,2 bilhões de dólares um ano depois.
Esses números não levam em consideração a aquisição da Tiffany & Co., concluída em janeiro de 2021. Mas atestam a força do grupo, que dispõe de tempo e recursos para promover a marca americana, cuja gestão está a cargo de Anthony Ledru, anteriormente vice-gerente geral encarregado das atividades de negócios globais da Louis Vuitton, enquanto Alexandre Arnault, um dos quatro filhos de Bernard Arnault, tornou-se CEO de Produtos e Comunicação.
Durante a assembleia, Jean-Jacques Guiony reviu os resultados de 2020, observando como o primeiro semestre, que teve uma queda acentuada, foi "extraordinariamente diferente" do segundo, que mostrou uma clara recuperação. Ele destacou ainda "o grande fosso entre as regiões" e elogiou os bons resultados da divisão "moda e marroquinaria", que foi "a única que encerrou o segundo semestre com resultados positivos". Ele também destacou a notável evolução do preço das ações da LVMH, que teve alta acentuada de 37% em um ano, enquanto o índice geral da bolsa francesa, o CAC 40, cresceu apenas 1% no período.
“As crises nos fortalecem. Aprendemos com elas o tempo todo e são uma fonte poderosa de crescimento nos anos seguintes. Ganhamos participação de mercado. Nosso ativo é a desejabilidade de longo prazo de nossas marcas”, concluiu Bernard Arnault, alegando se sentir "razoavelmente otimista" graças à esperança que a vacina contra a Covid-19 representa.
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