AFP
Estela Ataíde
16 de out. de 2020
LVMH limita queda nas vendas graças aos bons resultados da divisão de Moda e Artigos de Couro
AFP
Estela Ataíde
16 de out. de 2020
A líder mundial do luxo LVMH registrou 11,955 bilhões de euros em volume de negócios no terceiro trimestre, superando as expectativas e limitando a queda causada pela pandemia, graças ao dinamismo da sua divisão de Moda e Artigos de Couro
Com as vendas em queda de 7% em termos orgânicos, o grupo "registrou no terceiro trimestre uma melhoria significativa nas tendências em relação ao primeiro semestre, incluindo o retorno ao crescimento das atividades Cognac e Artigos de Couro", ressaltou na quinta-feira (15) em um comunicado o grupo de Bernard Arnault.
Este volume de negócios é superior ao consenso estabelecido pelas agências Bloomberg e Factset, que previam, respetivamente, 11,698 e 11,397 bilhões. Em dados publicados, a queda é de 10,22%.
Nos primeiros nove meses do ano, a maior capitalização de mercado da França totalizou 30,348 bilhões de euros em vendas, ou seja, uma queda de 21% (em dados orgânicos e publicados).
“Os sinais encorajadores de recuperação observados em junho em várias atividades do grupo foram confirmados no terceiro trimestre em todas as regiões, em particular nos Estados Unidos e na Ásia, que voltou a crescer nesse período”, acrescentou o grupo no seu comunicado.
Por setor de atividade, Moda e Artigos de Couro - sua principal divisão - se destacou com um salto de 12% em dados orgânicos no terceiro trimestre. Um sucesso atribuído, principalmente, às performances da Louis Vuitton e da Christian Dior Couture. Ao longo de nove meses, esta divisão acumulou 13,934 bilhões de euros (-11% em termos orgânicos), a Distribuição Seletiva (Sephora, DFS) 7,176 bilhões (-31%); e os Vinhos e Destilados, 3,349 bilhões de euros (-15%).
"Bola de cristal avariada"
Esta publicação “confirma a impressão de um verão sólido para os produtos de luxo” a julgar pelo desempenho registrado pela divisão Moda e Artigos de Couro da LVMH, apesar das incertezas que pairam na Europa em termos de saúde, observou Luca Solca, analista de luxo da Bernstein. A atividade na Ásia continua também sendo uma força motriz, com uma progressão de 13% no crescimento orgânico no terceiro trimestre.
No entanto, o grupo evitou o excesso de otimismo para o futuro. “Num contexto muito conturbado, marcado por contínuas incertezas econômicas e sanitárias, a LVMH continuará vigilante e irá reforçar a sua política de controle de custos e de escolha dos investimentos”, explicou em seu comunicado.
“A bola de cristal está avariada” porque “a situação continua complexa”, ironizou Jean-Jacques Guiony, financeiro do grupo, durante a teleconferência, referindo-se em particular à China, onde a demanda interna é muito positiva, mas onde estão sendo mantidas sérias barreiras quanto à possibilidade de fazer compras fora do país.
O grupo permanece, porém, muito discreto sobre a sua disputa com a Tiffany, que levou à ruptura do compromisso entre ambos, ainda que a empresa de joalheria tenha surpreendido muitos analistas financeiros na quinta-feira (15) ao publicar resultados de apenas dois meses, rompendo com as tradicionais publicações trimestrais, que apontavam para uma recuperação nas vendas. A LVMH não quis comentar, e lembrou simplesmente que o julgamento será realizado em 5 de janeiro perante o Tribunal de Justiça do Delaware.
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