Jardim japonês da Sacai floresce na Colette
Chitose Abe é a designer da Ásia mais influente neste século, a mulher que deu uma nova "cara" à moda japonesa, e a estilista desta semana na Colette e no Dover Street Market. Seu estilo é inspirado diretamente pelas ruas movimentadas de Tóquio.
"Tóquio não é como Paris ou Londres. Tudo está misturado, até mesmo a classes sociais. Lá você tem uma loja de luxo da Louis Vuitton ao lado de um restaurante de sushi barato. Não é de se admirar que minhas roupas sejam híbridas!”, sorri Abe com uma xícara de café Sacai na mão, chamada Toriba e feita por uma barista japonesa dentro da loja Colette, em Paris.
A peça é apenas um dos inúmeros itens que começaram a ser vendidos na terça-feira (5) na Colette, em um projeto chamado "Jardin Sacai", que traz desde sandálias de plástico com impressões de máscara de lutador mexicano, cortesia de uma parceria com Zucca, a bonecos e ursos japoneses [email protected], e jóias híbridas feitas em parceria com Charlotte Chesnais.
Na noite anterior em Londres, Abe apresentou o fruto de sua última colaboração com a The North Face no emblemático Dover Street Market, com um jantar co-organizado por Marc Newson.
"É claro que eu mesma testei as peças. Quando esfria em Nova York ou Tóquio, adoro usar The North Face. E, você sabe, todas as peças já esgotaram online", ela avisa. Suas criações não são baratas, mas também não são tão caras: uma jaqueta bomber caqui custa a partir de 570 libras em Londres, enquanto uma jaqueta de nylon rosa Sacai X Fragment custa 510 euros, em Paris.
Em Paris, durante um jantar, Abe apresentou outras três parcerias importantes: com a Converse, Levi's e Lacoste. Entre as peças de destaque está o encantador vestido estilo tenista plissado em azul bebê e azul royal (845 euros), usado pela fundadora da Colette, Sarah Andelman, durante a ocasião. Andelman e sua mãe, Colette, vão fechar a lendária loja parisiense no final do ano e os últimos meses estão sendo organizados por Lucien Pagès, diretor da agência de RP mais prestigiosa de Paris, que conta com clientes como a Sacai.
Sacai também invadiu as vitrines de Colette, a mesma loja onde lançou seu livro "Sacai A to Z" há três anos. Ela é uma grande fã de Paris, onde chegou em 2005, com uma mala repleta de roupas.
"Minhas três coisas favoritas em Paris? Colette! Place de la Concorde e o restaurante Nodaïwa, pois ele serve uma excelente enguia japonesa. E é uma pena perder a Colette", diz a estilista.
É difícil subestimar a influência de Abe nos últimos anos, suas técnicas de misturas, jaquetas biker com pele de carneiro; jaquetas estilo aviador verdes cortadas como casacos de ópera e finalizadas com bordados florais; ou malhas em tricô combinadas com trench coats militares, todas têm impulsionado um enorme movimento na moda. Idéias que a estilista tem ao caminhar pelas ruas e ou quando vai em baladas dos distritos centrais de Tóquio, como Aoyama. "Eu ainda gosto de ir a baladas e visitar bares", brinca Abe.
Perguntada sobre seus designers favoritos, ela diz: "Eu gosto muito de Rei Kawakubo e do jeito que ela mistura lado criativo e comercial na Comme des Garçons", diz Abe, que trabalhou para a estilista japonesa com estamparia na juventude, antes de fundar a Sacai em 1998, mesmo ano em que sua filha Tohko nasceu.
Embora nascida e criada em Tóquio, Abe passou um ano em Londres; "Vivendo perto de Oxford Circus, e ouvindo Oasis". E a influência britânica é clara em suas criações.
Verdadeira workaholic, Abe volta ao Japão depois de apenas três dias na Europa. Normalmente, ela começa seu dia às 10h e trabalha até às 23h. E, ela supervisiona tudo, desde a sua pequena, mas crescente, cadeia de lojas, às suas doze flagship, localizadas em cidades como Tóquio, Seul, Hong Kong e Pequim. Hoje, ela pode se vangloriar com cerca de 250 lojas, apesar de não divulgar os números de suas vendas anuais. As estimativas sugerem que ultrapassem os 35 milhões de dólares.
Abe costumava dirigir para o trabalho, embora "um pequeno acidente" a levou a desistir disso. Um dos poucos erros que esta força da natureza já fez.
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