AFP
13 de out. de 2022
Influências recíprocas de Picasso e Chanel em exibição em museu de Madri
AFP
13 de out. de 2022
A arte de vanguarda de Pablo Picasso justaposta à moda austera e atemporal de Coco Chanel: os dois gigantes criativos do século 20 são o tema de uma nova exposição no museu Thyssen-Bornemisza, em Madri.
A exposição ‘Picasso/Chanel’ faz parte das comemorações dos 50 anos da morte do artista. Picasso nasceu em Málaga, na Espanha, em 1881, e morreu em Mougins, na França, em 1973. Sua morte é lembrada em mais de 40 retrospectivas em todo o mundo.
De 11 de outubro a 15 de janeiro, o museu Thyssen-Bornemisza exibe cerca de 50 criações da estilista francesa Coco Chanel, alternadas com pinturas e desenhos de Picasso, para destacar suas semelhanças. A exposição apresenta “uma sucessão de conversas estimulantes entre as obras de vanguarda de Pablo Picasso e as criações inovadoras de Chanel”, disse a curadora Paula Luengo, em uma coletiva de imprensa, na segunda-feira, 10 de outubro.
A primeira seção da exposição apresenta cronologicamente uma série de pinturas e roupas que mostram “a influência que Picasso teve no design de moda da Chanel”, disse Guillermo Solana, diretor criativo do museu. Um casaco desenhado por Chanel entre 1918 e 1919 parece ter sido inspirado nos tons pretos e marrons e nas linhas sinuosas da obra cubista ‘Tête d’homme’ (1913). O tecido de uma roupa de 1928 parece um reflexo das asas da pomba colocada no centro de ‘Naturaleza muerta con paloma’ (1919).
Na segunda seção da exposição, com foco em Olga Khokhlova, musa russa de Picasso e primeira esposa, “a direção da influência muda”, diz Solana. Retratando Olga, cliente assídua da estilista francesa e que frequentemente usava suas criações, Picasso “se deparou com o problema das linhas retas de Chanel (...) Ele se esforçou para recriar o trabalho de Chanel, vislumbrando uma conversa de criativo para criativo”, completa Solana. Esta seção apresenta, por exemplo, um vestido de Chanel datado de 1922, cinza com pele branca na gola e punhos, muito semelhante ao traje usado pelo personagem da pintura 'Arlequin au miroir' (1923).
As duas últimas seções da exposição concentram-se nas oportunidades que Chanel e Picasso - que se conheceram em 1917 e tinham muitos amigos em comum - tiveram de trabalhar juntos. As suas colaborações ilustram “o diálogo entre a moda e a pintura, a poesia e a música, o teatro, a dança e as artes em geral, que está no centro das cenas culturais inovadoras e experimentais do período entre guerras e que é o próprio tema desta exposição.”, diz Cécile Debray, presidente do Museu Picasso de Paris, que emprestou várias peças ao museu de Madri para a exposição.
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