20 de jan. de 2021
Indústrias têxtil e calçadista lançam manifesto pedindo reformas para reduzir o 'Custo Brasil'
20 de jan. de 2021
A Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) e a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) participaram da criação de um manifesto da Indústria Brasileira pedindo a governantes a aprovação de reformas que reduzam o chamado 'Custo Brasil'. Em nota, representantes da Abicalçados explicaram que a recuperação do setor "só virá com redução do Custo Brasil”.
Segundo o presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, apesar de o Brasil contar com uma produtividade por trabalhador maior do que os maiores concorrentes do setor calçadista em âmbito internacional (China, Vietnã e Indonésia), os custos produtivos elevados acabam tirando a competitividade do produto nacional, tanto aqui quanto no exterior:
“O Brasil já foi um dos maiores exportadores de calçados do mundo e hoje não figura nem mesmo entre os 10”, lamenta o dirigente, acrescentando que a indústria nacional faz o “dever de casa”, mas que precisa ter a clareza de uma agenda de reformas estruturais mais robustas para poder competir com concorrentes internacionais, especialmente os asiáticos.
Além da reforma tributária e simplificação dos processos, Ferreira destaca a importância de uma reforma administrativa no Estado Brasileiro. “Hoje a dívida pública chegou a mais de 90% do PIB brasileiro, é uma situação insustentável. Para reduzi-la a única saída é aumentar a eficiência do Estado e isso só se dará diminuindo o seu tamanho”, afirma o dirigente.
Para 2021, o setor calçadista espera recuperar parte do “estrago” do ano passado. Conforme projeções da Abicalçados, a produção de calçados deve crescer 14%, para o equivalente a 811 milhões de pares, ainda 10% aquém do resultado pré-pandemia, em 2019 (908 milhões de pares).
“Existe um processo de recuperação natural, com a retomada dos negócios no varejo de calçados, que responde por mais de 85% das nossas vendas totais. Porém, sabemos que o desafio mais difícil não é crescer sobre a base terrível do ano passado, é continuar sustentando uma recuperação para o setor, que vem sofrendo há muitos anos com o processo de desindustrialização provocado pelo chamado Custo Brasil”, avalia o executivo, ressaltando que a redução desses custos passa pelas reformas Tributária e Administrativa. “Não conseguimos enxergar, na atual realidade brasileira, como poderemos reduzir a carga tributária no curto prazo, porém enfatizamos que somente uma maior simplificação, desburocratizando os processos, já ajudaria muito”, comenta Ferreira.
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