Hermès: prêt-à-porter e salto na Ásia e América resultam em forte crescimento em 2019
O líder da bem-sucedida empresa francesa Hermès mostrou-se optimista na quarta-feira, com Axel Dumas a elogiar o "excelente desempenho" da marca no exerício de 2019, cujos resultados anunciou. Dumas sublinhou que a empresa registrou um "crescimento estável" em todas as suas linhas de negócio e em todas as suas áreas geográficas.

Conversando com os jornalistas após a apresentação, este explicou que a situação na China começa a normalizar e que, atualmente, apenas quatro das 43 lojas da marca permanecem fechadas, ao contrário das 11 de há algumas semanas. A empresa não teve, por enquanto, que fechar nenhum dos seus ateliers italianos. Dito isto, Dumas acrescentou que ainda é muito cedo para estimar o impacto total da crise no negócio.
Dumas não partilhou nenhum outro detalhe sobre a atual situação comercial e comentou que, "apesar da incerteza económica, geopolítica e monetária em todo o mundo", a Hermès confirmava "um ambicioso objetivo de crescimento a uma taxa de câmbio constante".
2019 forte
O que aconteceu, então, no ano passado? A empresa explicou ter registrado “vendas e crescimento excecionais”, enquanto as receitas cresceram 15,4% à taxa de câmbio atual, para 6,8 bilhões de euros, e 12,4% a taxas de câmbio constantes. As receitas operacionais recorrentes cresceram 13%, para 2,3 bilhões, e o lucro líquido atingiu 1,528 bilhão de euros, em comparação com os 1,4 bilhão de 2018.
O crescimento continuou no quarto trimestre em todas as regiões, apesar das dificuldades do período, com receitas que cresceram 13,4% para 1,871 bilhão de euros, apesar de este número e do crescimento de 10,7% a câmbio constante representarem uma ligeira desaceleração.
A empresa tem vindo a atualizar as suas lojas existentes e a abrir outras novas, e isso refletiu-se nas suas contas, já que as receitas geradas nos seus próprios estabelecimentos aumentaram 13% no ano passado.
Geograficamente, na Ásia, excluindo o Japão, as receitas aumentaram 17,8% a taxas de câmbio constantes, para 2,589 bilhões de euros, e a empresa experimentou um forte crescimento na região da Grande China, “apesar do impacto do que aconteceu em Hong Kong no último trimestre", e nos países do sul da Ásia. A região beneficiou de renovações e aberturas, além do desenvolvimento contínuo da sua plataforma digital e do lançamento na Malásia e Singapura em outubro.
As vendas japonesas aumentaram 8,2%, para 864 milhões de euros, "com o final do ano afetado pelas compras antecipadas devido ao aumento do IVA em outubro". O canal online também foi fundamental neste mercado, e a nova plataforma, hermes.jp, foi lançada em junho.
Na América, a empresa registou um aumento na receita de 12%, para 1,24 bilhão de euros, após a recente abertura de lojas no distrito Meatpacking, em Nova Iorque, e em Waikiki, em Honolulu. A loja de São Francisco também se expandiu e reabriu em novembro, e a empresa disse que desfrutou de um "crescimento dinâmico" nos Estados Unidos e noutros países da região.
A Europa, excluindo França, esteve mais lenta, mas registrou um crescimento de 8% para 1,2 bilhão de euros, "impulsionado pelo Reino Unido e por Itália", o que poderá ser uma surpresa dados os problemas económicos nestes dois países. Em novembro, a Hermès abriu também a sua primeira loja na Polónia, em Varsóvia. Por seu lado, França registrou um crescimento de 8%, para 867 milhões de euros, "apesar do impacto negativo do que aconteceu no final do ano". De facto, o crescimento de França no quarto trimestre foi de 13,5%.
Desempenho do produto
Em relação às suas linhas de negócio, a área de Artigos de Couro e Marroquinaria sentiu uma "demanda sustentada", com um aumento constante da receita de 11,3% para 3,414 bilhões de euros, e os consumidores gastaram tanto em "clássicos reinventados como noutros modelos, como o Mosaïque”.
A empresa está trabalhando para expandir a sua capacidade de produção para satisfazer esta demanda. Mais ateliers serão ampliados durante este ano e outros serão estabelecidos em 2021 e 2022.

Porém, embora muitas empresas possam considerar um aumento de receita de 11,3% como um resultado espetacular, a grande notícia para a Hermès foi que as suas outras divisões tiveram um melhor resultado. A marca explicou que registrou um "excelente desempenho" nas linhas Prêt-à-porter & Acessórios e Joalharia, com um aumento de 17% para 1,574 bilhão de euros na primeira categoria. Algo que aconteceu "graças ao sucesso das coleções prêt-à-porter para homem e mulher, bem como dos acessórios de moda, em particular o calçado".
A linha de Seda e Têxteis registou um aumento mais moderado (ainda que bom) de 7,5%, para 592 milhões de euros. A Hermès explicou que as coleções de primavera e inverno de 2019 "tiveram uma receção calorosa".
A empresa acrescentou também que os Perfumes melhoraram o seu desempenho em 4%, para 326 milhões de euros, particularmente impulsionados pelo sucesso de Terre d'Hermès e Twilly d´Hermès, e pelas novas variantes de Un Jardin sur la Lagune e Twilly d'HermèsPeppery Water. A empresa lançou recentemente a linha de batons, algo que deverá ajudar a impulsionar as suas operações de beleza no futuro.
A categoria de Relógios aumentou as suas vendas em 12%, para 193 milhões de euros, e a empresa explicou que o novo relógio feminino Galop d'Hermès foi bem recebido.
Outras linhas de negócio da Hermès, que incluem Joalharia, Produtos de Mesa e Lifestyle, aumentaram as suas vendas em 20%, para 258 milhões de euros, com "um crescimento especialmente bom em Joalharia, graças à coleção de alta gama, ilustrada pela coleção Black to Light”.
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