Transparências, fendas, cintura demarcada e movimento são as palavras que definem a coleção de alta-costura de inverno 2012 do estilista brasileiro Gustavo Lins, apresentada na semana de moda de Paris.

Gustavo Lins leva sensualidade a Paris - Foto: Lúcia Müzell Jardim

Gustavo retorna às suas origens e homenageia a Espanha, onde iniciou seus estudos na Europa, e o Brasil, ao levar o desfile à embaixada brasileira na capital francesa. Há ainda o Japão, verdadeira paixão do mineiro, e o resultado é uma coleção com cortes precisos, impecáveis, e ao mesmo tempo repleta de fetiches e sensualidade.

Foi no flamenco e nas touradas de Sevilha que Lins buscou inspiração: a tragédia implícita na cultura andaluz foi parar não apenas nas roupas, sombrias, como também na maquiagem carregada das modelos: na boca de todas, é claro, o batom era vermelho-sangue. Para trazer movimento, o quimono japonês é a marca registrada de Lins, moldado sempre no corpo e nada melhor do que abusar da seda, do cetim, do crepe e da flanela.

Nas cores, muito preto e cinza, quebrados com um bom gosto singular pelo vermelho de Sevilha e o verde-esmeralda. Com decotes ousados nas costas ou fendas sugestivas nas pernas, mas sem deixar a elegância de lado por nem um segundo, os 29 modelos de Gustavo Lins mostraram por que ele é o único tupiniquim que conquistou um lugar valioso em uma das semanas de moda mais tradicionais do mundo.

"A alma da Espanha está na Andaluzia. É a região que concentra ciganos, árabes, judeus e cristãos. Tem uma mistura mágica lá", explicou. E se influência ainda não havia ficado clara, bastou reparar nas cinturas para lá de altas das calças e saias, inspiradas nos trajes dos toureiros espanhóis. Para aquecer os corpos descobertos das manequins, o costureiro não deixou de fora as peles, acompanhando a tendência das outras "maisons" francesas.

Lúcia Müzell