Gucci investe mais de 10 milhões de dólares em diversidade
O debate sobre diversidade na moda se intensificou nos últimos tempos e a Gucci está causando um grande impacto ao reforçar significativamente seu compromisso com a responsabilidade social corporativa por meio do programa "Gucci Changemakers". "O objetivo mais ambicioso desta iniciativa é fazer uma mudança poderosa no mundo da moda, reforçando o impacto social e o relacionamento com as comunidades", explica a marca italiana de luxo em seu site, anunciando um investimento de mais de 10 milhões de dólares.
A marca principal do grupo Kering foi acusada de racismo no mês passado através das redes sociais, depois de criar um suéter preto, cuja gola, uma vez erguida para cobrir a metade inferior do rosto, apresentava uma fenda vermelha no lugar da boca, remetendo aos grandes lábios de um "blackface", a caricatura da era colonial que exagerava as características dos negros.
A Gucci pediu desculpas imediatamente e retirou a peça das lojas. "Nós vemos a diversidade como um valor fundamental, que deve ser apoiado e respeitado, e na linha de frente de todas as decisões que tomamos. Nós nos preocupamos em desenvolver a diversidade em toda a nossa empresa e consideramos esse incidente como uma importante lição para a equipe da Gucci e além", disse a marca.
Este episódio levou a grife a acelerar suas ações de desenvolvimento social e diversidade com quatro iniciativas: o recrutamento de um diretor global de diversidade e inclusão; um programa internacional de bolsas multiculturais no setor de design, que será finalizado com a contratação de cinco talentos de origens diversas para o estúdio de criação em Roma; um plano de treinamento para elevar o nível de conscientização multicultural entre os 18.000 funcionários da empresa; uma mudança concreta dentro do grupo, que resultou na transferência de três funcionários regionais para a sede da marca.
No processo, a empresa decidiu expandir e tornar público seu projeto, iniciado internamente no ano passado e apresentado aos funcionários em janeiro deste ano na sede de Milão, "Gucci Changemakers", que significa "aqueles que mudam as coisas". Uma iniciativa para "incentivar a diversidade e inclusão" a longo prazo.
"Eu acredito no diálogo, na construção de relacionamentos significativos e na ação rápida. É por isso que nos preparamos imediatamente para remediar nossas deficiências. O programa Changemakers é justamente o resultado do nosso compromisso com a inclusão e diversidade”, disse o CEO da Gucci, Marco Bizzarri, em um comunicado. Bizzarri quer "estimular e apoiar de maneira mais eficaz o confronto intercultural com as comunidades conectadas, especialmente a afro-americana".
Changemakers é composto de um programa de voluntariado que permitirá aos funcionários do grupo em todo o mundo se beneficiarem de quatro dias de trabalho remunerados para se dedicarem a atividades voluntárias, desde assistência (para refugiados, sem-teto, etc.) até proteção do meio-ambiente, educação ou promoção da igualdade.
A marca também criou um fundo, o Changemakers Fund, de 5 milhões de dólares, para "financiar iniciativas destinadas à comunidades locais em diferentes cidades da América do Norte". Outros cinco milhões serão destinados em junho deste ano à um fundo paralelo dedicado à região Ásia-Pacífico.
Além disso, para a América do Norte, 1,5 milhão de dólares serão disponibilizados para bolsas de estudos para 70 estudantes de moda que serão selecionados em quatro anos por um comitê especial, o Changemakers Council, com cerca de quinze personalidades americanas.
O programa é acompanhado pelo trabalho de Alessandro Michele na parte da criação. O estilista tem promovido a diversidade desde que assumiu a direção artística da Gucci, como evidenciado por seu estilo muitas vezes unissex ou pela escolha de suas musas, como a atriz modelo e transgênero Hari Nef, e a atriz britânica Vanessa Redgrave, de 80 anos.
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