Dominique Muret
26 de set. de 2022
Gucci e Sportmax surpreendem em Milão
Dominique Muret
26 de set. de 2022
No terceiro dia de desfiles da Semana da Moda de Milão, sexta-feira, 23 de setembro, os costureiros apostaram na ousadia, com coleções para a primavera-verão 2023 curiosas e inusitadas. Duas marcas em particular exploraram a noção de alteridade. A Gucci questionou a identidade com um desfile centrado em gêmeos, enquanto a Sportmax trabalhou as sensações e como elas transformam nossa percepção dos outros.
Desde o título da coleção, "Twinsburg", ao teaser do desfile, tudo apontava para o tema escolhido nesta temporada por Alessandro Michele. Somos únicos ou diferentes, semelhantes ou opostos? Quem é o duplo que vive em mim? Para encenar este tema, o diretor artístico da marca com o duplo G criou um desfile duplo.
A passarela foi instalada em uma sala em forma de uma caixa de metal escura coberta com retratos, cada um multiplicado por dois, até mesmo por três. Do outro lado da longa parede voltada para o público, um espaço clone, com um desfile paralelo. A surpresa veio quando a fileira de retratos se ergueu, como uma cortina, revelando exatamente o mesmo cenário, com os convidados se encarando como diante de um espelho.
Foi no final do desfile que começou o verdadeiro show, com cada modelo juntando-se ao seu gêmeo, vestido exatamente da mesma forma, e de mãos dadas voltando a desfilar pela passarela, caminhando ao mesmo ritmo, exatamente como se um fosse apenas o reflexo do outro e, criando uma sensação perturbadora. Seriam duas pessoas ou estariam elas diante de um espelho?
Este desfile duplo, que reuniu 68 pares de gêmeos, incluindo 50 mulheres e 18 homens, foi uma oportunidade para o estilista enriquecer o guarda-roupa da Gucci para levá-lo à novos territórios. Assim, os ternos masculinos clássicos ganharam pernas das calças cortadas e presas em suspensórios muito chiques com o logotipo da Gucci. Os macacões jeans, por sua vez, ganharam o slogan em italiano "Fuori!!!" (que significa "Fora", mas também "louco").
Chave e parafusos são as novas estampas da moda. Alessandro Michele também se diverte com contrastes: vestidos de babados foram combinados com meias de leopardo e botas de lagarto; Blazers brilhantes de cristais, com calças em tweed com xadrez grande. Uma veia oriental também percorre a coleção, do vestido chinês Qipao à blusa de quimono dourado, passando pelos adornos de miçangas das dançarinas do ventre. Sem esquecer dos acessórios, com bolsas de pelúcia e uma série de óculos com correntes metálicas ou pérolas escorrendo das orelhas.
A mesma sensação de estranheza continuou na Sportmax, que teve como ponto de partida os experimentos realizados na década de 1920 para entender quais eram as formas dos sons. O conceito foi ampliado e resultou em uma coleção intrigante, centrada em sensações visuais e táteis.
As roupas foram desconstruídas, às vezes como que desfeitas, como nos primeiros looks, retalhos de vestidos de cetim com alças caídas revelando a parte de baixo de lingeries finas. Tecidos cintilantes foram montados ou drapeados às pressas para fazer saias longas ou vestidos com caudas. Retos na frente e bufantes na parte de trás.
Saias torneadas com borda crua nasceram de sobreposições, como mil-folhas. Em algumas peças, o tecido se projeta como uma asa ao longo do braço. Tudo flui e pinga, como algumas mangas pendendo ao longo do corpo ou maxi-saias deslizando pelo chão. Os ternos masculinos são grandes demais.
Para as mulheres, botas cuissardes em cetim dourado, oscilando entre um espírito hippie, glamouroso e futurista. Tecidos brilhantes ou malhas de vinil super apertadas aumentaram a gama de sensações, assim como o jogo de cores, dos pastéis aos tons picantes.
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