AFP
18 de dez de 2020
Grupo de luxo Kering é investigado por lavagem de dinheiro e evasão fiscal
AFP
18 de dez de 2020
O gigante do luxo, Kering, proprietário de marcas como Balenciaga e Yves Saint Laurent, está sendo investigado desde fevereiro de 2019 por lavagem de dinheiro e evasão fiscal. O anúncio foi feito na quarta-feira (16) pela entidade judiciária francesa de crimes financeiros "Parquet National financier" (PNF), confirmando as informações da Mediapart.

Segundo a publicação, esta investigação centra-se no eixo francês de uma configuração fiscal que teria permitido ao grupo liderado por François-Henri Pinault declarar na Suíça atividades realizadas em outros países, principalmente na Itália. Dessa forma, o grupo teria sonegado "2,5 bilhões de euros em impostos entre 2010 e 2017, incluindo pelo menos 180 milhões na França", segundo a Mediapart.
"Kering contesta vigorosamente as alegações totalmente infundadas de lavagem de dinheiro e evasão fiscal mencionadas no artigo da Mediapart", declarou o grupo na quarta-feira, antes do PNF confirmar uma investigação em andamento, alegando não ter "nenhum conhecimento" dessas investigações. “Se necessário, o grupo oferecerá sua total cooperação às autoridades interessadas no âmbito da possível investigação, com total transparência e serenidade”, disse o grupo.
Na Itália, o caso rendeu à Kering um ajuste fiscal recorde de 1,25 bilhão de euros em 2019, para a parte relacionada à marca Gucci, após uma investigação do Ministério Público de Milão que teve início no final de 2017.
As autoridades milanesas descobriram que, para reduzir os impostos na Itália, a Kering faturou as atividades realizadas o país através de sua filial Luxury Goods International (LGI), plataforma logística da empresa localizada em Lugano, na Suíça.
Quando revelou a informação, em março de 2018, a Mediapart escreveu que o grupo havia "estendido" este "sistema projetado pelo grupo italiano à todas as suas marcas de luxo (exceto as de joias), incluindo as francesas Balenciaga e Yves Saint Laurent".
"Graças a um acordo fiscal secreto com o cantão de Ticino, a Kering pagou apenas 8% de impostos sobre os lucros da LGI, em comparação com 33% na França", afirma o site de notícias, que estima em 180 milhões os impostos sonegados apenas pela Yves Saint Laurent.
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