13 de mar. de 2020
Governo brasileiro muda o tom com relação ao coronavírus
13 de mar. de 2020
A imagem do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, usando máscara em uma transmissão pela internet marcou a mudança do discurso do governo com relação à gravidade do coronavírus. O vídeo foi divulgado na noite de quinta-feira, após a confirmação de que o secretário de Comunicação da presidência, Fábio Wajngarten, estava com a doença. Wajngarten acompanhou o presidente Jair Bolsonaro em uma viagem de negócios aos EUA na semana passada. O encontro incluiu um jantar com o presidente americano Donald Trump e um evento com empresários em Miami, na Flórida. Nesta sexta-feira, Bolsonaro usou as redes sociais para informar que o resultado deu negativo. O episódio, no entanto, mudou o tom das autoridades em Brasília sobre o assunto.
Mas chama a atenção o fato de que Bolsonaro tenha informado o resultado dos exames no Facebook usando uma foto no qual aparece dando uma banana para jornalistas, em um episódio recente em Brasília.

A confirmação de Wajngarten para o coronavírus gerou apreensão até mesmo na Casa Branca. Segundo fontes próximas ao presidente americano, Trump estaria "muito preocupado" após entrar em contato com a comitiva brasileira, embora tenha procurado transmitir tranquilidade publicamente.
A indústria da moda brasileira também já sente os efeitos da pandemia. Os organizadores do mais importante evento lançador de tendências no país, a São Paulo Fashion Week (SPFW), informaram, na noite desta quinta-feira, que os desfiles previstos para o período de 24 a 28 de abril foram cancelados. De acordo com os organizadores, o "cenário é atípico e, visando preservar a saúde e bem-estar de todos, a programação do Festival SPFW+ e a conferência internacional anunciada para o dia 27 de abril serão replanejadas". O Minas Trend, salão de negócios de moda e semana fashion, permanece mantido para o fim de abril (21 a 24), até então.
Várias marcas de moda já estão revisando suas perspectivas para o ano em função da pandemia. De acordo com uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), realizada entre 27 e 28 de fevereiro com uma amostra de 69 empresas de todo o Brasil, 22,6% delas já estão observando consequências do vírus em seus processos produtivos.
Dentre as consequências, para 71,43% dos empresários, um impacto no abastecimento de insumos já pode ser sentido; para 64,29% o custo dos insumos de produção já está sendo alterado; para 35,1% houve aumento da demanda doméstica por produtos de sua empresa; e para 7,14% o escoamento da produção aos clientes foi afetado.
Por enquanto, apesar da grande dependência de insumos importados como corantes e fibras sintéticas, o setor têxtil ainda não registra interrupção da produção. Mas, caso o fluxo de insumos não se normalize em 90 dias, pode haver desabastecimento.
O desabastecimento também preocupa os shoppings centers, especialmente os que têm muito lojistas internacionais. Os efeitos da epidemia sobre o setor só deverão ficar mais claros nos próximos dias, segundo avaliação do presidente da BR Malls, Ruy Kameyama. Em entrevista ao jornal "Valor Econômico", ele afirmou que o setor vai ter que ver como o tráfego reage nas próximas semanas e aguardar a orientação do governo sobre circulação.
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