Givenchy: looks para vencedores dos Oscars dignos de um marajá
É sempre muito difícil prever quem usará o quê nos Oscars, mas é preciso avisar os estilistas de Los Angeles: não haverá muitas estrelas de cinema mais bem vestidas do que os homens que usarão a última coleção da Givenchy, cujo final foi absolutamente sublime.

Inspirada no Marajá de Indore, um aristocrata indiano fabulosamente rico, que depois de estudar em Oxford viveu uma vida ultra-cosmopolita na Europa dos anos 1930, esta coleção de moda foi realmente deslumbrante. O Marajá trabalhou com artistas como Le Corbusier, Ruhlmann, Brancusi ou Eileen Gray para construir um palácio de arte moderna com formas contornadas no seu país, que batizou de Manik Bagh. Encomendou joias à Harry Winston e Chaumet para a sua primeira esposa, a Maharani Sanyogita. Foi pintado por Boutet de Monvel e imortalizado por Man Ray em estampados em gelatina e prata.
Todo esse glamour exuberante, mas com um toque ocidental pleno de sedução, alimentou esta coleção outono-inverno 2020. Esta terminou triunfantemente com um redingote de noite em crepe preto cortado com destreza, com detalhes vermelhos e usado com uma camisa branca com uma gola gigantesca, seguido por um colete branco de trespasse com um drapeado fabuloso. Os dois eram usados com calças de smoking de cintura alta acompanhadas por cintos integrados de gorgorão largos e com fecho-éclair. A melhor peça foi um notável sobretudo de noite adornado com cachos de pérolas de jade e pedras ornamentais: um deus do rock no auge do seu estilo. Em resumo, alta costura masculina entre Bombaim e Paris, ideal para Hollywood no próximo mês.
Durante todo o desfile, os casacos foram decorados com grandes alfinetes adornados com pedras preciosas ou medalhões. Quase todas as silhuetas foram complementadas por botas western metalizadas com ponta quadrada e um grande chapéu de cowboy. Para o dia, a diretora artística da maison, Clare Waight Keller, propôs cortes repletos de aprumo, de ternos trespassados em sarja preta de linhas afiadas a um impressionante casaco urbano cruzado em estilo tweed, acompanhado por botas de motorista. A criadora orquestrou o desfile com o seu elenco de modelos maravilhosamente hirsuto nos salões Givenchy da avenida George V - não muito longe dos lugares favoritos do Marajá na Paris de outros tempos.
Mas, após a morte da sua primeira esposa, aos 23 anos, este acabou por casar não com uma, mas com duas americanas divorciadas, e estabeleceu-se em Los Angeles. Fotos de arquivo mostram Gary Cooper no cenário de Uma Aventura de Buffalo Bill, quando e o ator era a estrela de Hollywood mais elegante.
"O Marajá tinha uma maneira incrível de passar de uma cultura para outra. E isso fala dos estilos de vida que procuramos hoje em dia. Foi realmente essa opulência na qual viveu que alimentou esta alta costura final", explicou Clare Waight Keller, inspirada por uma exposição sobre o aristocrata indiano, no Museu de Artes Decorativas de Paris.
Até a banda sonora foi um reflexo perfeito dessa atmosfera, começando com Raga Mishra Bhairavi e o pop art repleto de cítaras, terminando com o denso rock de Charlotte Gainsbourg na sua música Pleasant.
"É incrível como a sua vida evoluiu para passar desta incrível opulência e deste estatuto real para uma existência quase igual à de um vagabundo. Ele conheceu uma mulher de Los Angeles e decidiu passar por Paris, esteve com Man Ray, que fez retratos sublimes dele. E começou a adotar um estilo de vida ocidental, mas sem abrir mão da beleza do que tinha antes. Então, começou a escolher e personalizar o seu próprio look, conferindo um olhar oriental à alta costura ocidental, misturando tudo isso com as suas joias incríveis", concluiu a designer, que apresentará o desfile da Givenchy Haute Couture na próxima terça-feira. O que a torna a única estilista britânica a apresentar desfiles de menswear, prêt-à-porter feminino e alta costura.
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