Gigantes de luxo se recuperam no terceiro trimestre graças à Ásia e aos Estados Unidos
Os resultados trimestrais dos gigantes do luxo devolvem a confiança à indústria e ao mercado. Após dois trimestres difíceis, fortemente afetados pela pandemia de COVID-19, Hermès, LVMH e Kering ilustraram a resiliência do setor, com vendas aumentando acentuadamente na China, na América do Norte e na Internet.
Em particular, a Hermès voltou ao crescimento nos últimos três meses, com vendas de 1,8 bilhão de euros, + 4,2% (+7% à taxas de câmbio constantes), depois de ter registrado queda de 41,5% no segundo trimestre. A Kering registrou vendas de 3,7 bilhões de euros, excedendo as expectativas. As vendas caíram apenas 4,3% (-1,2% em termos comparáveis), em comparação com uma queda de 43% no trimestre anterior.
A LVMH teve também um desempenho acima das expectativas dos analistas, com vendas de 11,9 bilhões de euros no terceiro trimestre, -3% (-7% em uma base orgânica) em comparação com o mesmo período do ano passado, enquanto no segundo trimestre, a queda foi de 38%. Mas, a sua divisão de moda e artigos de couro viu as vendas saltarem 9% (+12% em termos orgânicos) para 5,9 bilhões de euros, ante uma queda de 37% no segundo trimestre.
"A procura por produtos de luxo aumentou significativamente este verão, apesar de viagens intercontinentais praticamente inexistentes", comentou Luca Solca, analista da Bernstein.
Gucci segue ainda sem recuperação
Segundo alguns especialistas, Dior e Louis Vuitton experimentaram um crescimento ainda maior entre julho e setembro. Este não foi o caso da Gucci, principal marca da Kering, cujas vendas caíram 12,1% (-8,9% em uma base comparável), para 2,09 bilhões de euros, enquanto as da Bottega Veneta aumentaram 17% (+20,7% em uma base comparável), para 332,5 milhões de euros. A Saint Laurent voltou a crescer com um volume de negócios de 510,7 milhões de euros, +0,8% (+3,9% numa base comparável).
Estas comparações destacam o sucesso das marcas de luxo mais icônicas. A Hermès se beneficia de um modelo empresarial que gera algumas das receitas mais previsíveis e do crescimento da margem operacional no setor. Com a sua imagem de marca muito forte e atemporal e produtos que se tornaram clássicos do luxo, ela sempre se mostrou mais resistente em tempos de crise do que os seus concorrentes, como foi o caso entre 2006 e 2008.
A Gucci, por outro lado, que sofreu um boom em vendas nos últimos anos com o diretor artístico Alessandro Michele, está mais ligada à sua imagem criativa. A estética muito particular e reconhecível do designer, que pode ser vista em todos os níveis da maison, gerou uma forte paixão entre os clientes. Certamente, a marca sofreu mais devido à sua maior exposição aos fluxos turísticos. Além disso, os investimentos nela injetados darão frutos a longo prazo.
De um modo geral, os bons resultados do terceiro trimestre foram impulsionados pela recuperação das vendas na Ásia, especialmente na China, onde a Hermès tem uma forte presença. "O setor do luxo está indo muito bem. A esfera asiática é muito poderosa, especialmente na China, onde aqueles que não puderam vir e comprar na Europa ainda compraram localmente", diz Arnaud Cadart, gestor de carteira da Flornoy, citado pela AFP.
Nos últimos três meses, a Hermès continuou desfrutando de um impulso positivo na Ásia, com um salto de 25,2% nas vendas na região da Ásia-Pacífico, excluindo o Japão. A empresa registrou um "desempenho notável na China continental, Coreia, Austrália e Tailândia" e uma recuperação no Japão (+8,1%).
A Kering relatou também um forte crescimento na Ásia, "principalmente na China e Coreia" (+18,5% na Ásia-Pacífico), e especialmente na América do Norte (+44,1%), "apoiado por uma recuperação da demanda local" e "um ambiente de consumo favorável" ligado à repatriação de despesas que os turistas americanos não puderam fazer na Europa e a medidas fiscais tomadas no Atlântico.
No terceiro trimestre, a LVMH registrou crescimento de 13% na Ásia, excluindo o Japão. Como destacou Jean-Jacques Guiony, o diretor financeiro do grupo, a demanda interna é muito positiva na China, mas ainda existem sérias barreiras para os consumidores chineses comprarem fora do país.
Por fim, para todos, as vendas online aumentaram significativamente. Segundo o diretor financeiro da Hermès, Eric du Halgouët, a loja online do grupo se tornou a principal da maison, com crescimento de quase três dígitos.
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