Giambattista Valli, Julie de Libran e Olivier Theyskens capturam a energia da Alta-Costura

Por

Godfrey Deeny

Publicado em
26 de jan. de 2021

O primeiro dia da Semana da Alta-Costura de Paris terminou em beleza com três designers experientes mas ainda muito jovens: o italiano Giambattista Valli, a francesa Julie de Libran e o belga Olivier Theyskens da Azzaro, que apresentaram coleções com toda a energia da Alta-Costura.
 

Giambattista Valli: mistura cultural da alta-costura 
 
"Meus clientes não querem prêt-à-porter de luxo, eles querem fantasia, uma grande declaração de alta-costura", explicou Valli, o estilista mais em alta de Paris, que, entre os momentos de concepção das suas coleções, faz aulas de boxe com um personal trainer.

Mas os golpes violentos não apareceram em sua mais nova coleção de alta-costura. Uma alta-costura maximalista de proporções fantásticas que, no entanto. consegue ser delicada e ultra-refinada. Ela foi revelada na noite de segunda-feira (25) em um vídeo no qual um belo bailarino de ballet fazia uma serenata à uma série de belezas evasivas. Uma magnífica dança justaposta à imagens da histórica Sevilha.

Neste verão, o costureiro nascido em Roma quer suas leais fãs com capas feitas de diferentes coberturas de tafetá em cascata, com múltiplos folhas; ou saias de balão em tule plissado combinadas com coletes de brocado bordados em lamelas.

Para momentos mais sedutores, vestidos drapeados de ninfa adornados com penas de avestruz ou vestidos de tule bordados com flores de porcelana, com um conjunto especial de pétalas de couro à base de tule cortadas à mão e flores delicadamente pregadas em muitos looks.
 
Valli passou as festas de fim de ano entre Roma e Sevilha. A primeira cidade lhe permitiu poder almoçar durante várias horas em restaurantes abertos; a segunda serviu de inspiração para esta coleção.

"Considero Sevilha, e também Tânger, ambas fascinantes. Porque há este encontro de duas culturas, hispânica e islâmica, que leva à criação de uma terceira cultura, uma cultura híbrida onde o melhor de dois mundos se mistura. E depois destes últimos anos, precisamos de fronteiras abertas e mentes livres novamente", disse Valli em ma conversa com o site FashionNetwork.com.

As roupas de flamenco vagueavam por baixo das torres mouriscas. Detalhes pontilhados e penas de avestruz evocaram a beleza dos jardins de Alcázar, enquanto os brilhantes vestidos de bolinhas e os vestidos de seda dourada à noite capturaram a Era Dourada de Sevilha, na época em que o navegador português Fernão de Magalhães encabeçou a primeira viagem de navio pelo globo (1519-1522), renunciando a nacionalidade em Sevilha para se colocar à serviço da Coroa de Castela.

O trabalho de Valli ganhou nova vida desde que se juntou à Artemis, o veículo de investimento da família Pinault, como sócio minoritário há dois anos. Há uma delicadeza crescente nos desenhos e maior leveza na sua construção.
 
"Tem sido um investimento muito benéfico. Posso me concentrar no que façode  melhor e acredito que o meu trabalho é mais forte do que nunca", concluiu Valli.
 

Azzaro: cinematografia chique

Faltava apenas Romy Schneider à última coleção do designer belga Olivier Theyskens para a Azzaro.

Uma homenagem retrô e moderna muito corajosa. A coleção foi revelada através de um vídeo brilhante em preto e branco filmado perto da Maison Lafitte, perto de Paris. Moda metálica temperamental apresentada com maçãs do rosto afiadas por lâminas de barbear.
 
Tocando as origens da maison dos anos 70, com o glamour e os códigos de faixas metálicas, Theyskens apresentou uma coleção muito focada que atrairá a atenção de milhares de pessoas neste verão.

Vestidos em seda, veludo e viscose, antracite brilhante; vestidos de organza transparente amplamente bordados; ou vestidos de vestais em crepe com fio metálico.
 
Seu look iônico, e a imagem de abertura do vídeo, era um vestido crepe com enfeite de três anéis, repetido em múltiplos looks.

"Para mim, a alta-costura é atemporal", explicou Theyskens, que mergulhou nos arquivos históricos da Azzaro no 11.º arrondissement de Paris para conceber esta coleção, acessando os vestidos que o fundador criou para Dalida.
 
Em uma coleção mista, ele apresentou também ternos de malha prateada de rockstar e casacos elegantes para homens de negócios, cobertos de cristais. Com um casal solitário preso a esta homenagem à Nouvelle Vague.
 

Julie de Libran: em casa com Camille Rowe

Julie de Libran é uma costureira tão confiante que aparece até mesmo em seus próprios vídeos. Nesta estação, a vemos acendendo um charuto para a bela Camille Rowe na primeira imagem de seu vídeo, antes de dançarem com de vestidos de festa com lantejoulas de cristal.

Isso acontece pouco antes de Rowe, uma beldade franco-americana de olhos verdes, entrar em uma banheira onde, ao estilo francês, degusta um copo de Bordeaux. Lapsos de tempo mostram a modelo usando minivestidos com babados ou vestidos charmosos envoltos em micro-flores. 

De Libran, a costureira indie mais moderna de Paris, também se aventurou na alfaiataria com um excelente blazer boyfriend trespassado e mini jaquetas brancas. Tudo gravado com elegância pela diretora Sonia Sieff no apartamento modernista elegantemente eclético de Julie no bairro de Saint German. As roupas tinham todo o charme que se associa a cada bairro da moda, e os acessórios - joias Goossens e sapatos Manolo Blahnik - eram impecáveis.  No entanto, tratando-se de uma contribuição à Semana da Alta-Costura de Paris, embora carismática e descolada, pareceu um pouco fraca.