O primeiro-ministro da França anunciou na terça-feira (4) que irá proibir a destruição de produtos de consumo não vendidos ou devolvidos no país. A medida irá afetar varejistas online, como a Amazon, e marcas de artigos de luxo.

O primeiro-ministro Edouard Philippe disse que a proibição da destruição de artigos não alimentares - como roupas, eletrodomésticos, produtos de higiene e cosméticos, - entrará em vigor nos próximos quatro anos.

O anúncio foi feito após os partidos verdes terem aumentado sua representação em toda a Europa nas eleições européias do mês passado, especialmente na França, onde o partido da EELV ficou em terceiro lugar com 13,5% dos votos. Segundo o gabinete do primeiro ministro francês, a cada ano, 650 milhões de euros em novos produtos de consumo são jogados fora ou destruídos na França, cinco vezes mais do que as doações dos mesmos produtos. A medida para proibir esse desperdício obrigaria as empresas a reciclar ou reutilizar esses produtos.

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"É um desperdício ofensivo. É um escândalo", disse Edouard Philippe ao anunciar a medida em um outlet de Paris. A medida é parte de um projeto de lei sobre a economia que deve ser discutido pelo gabinete em julho. Ela seria aplicada entre 2021e 2023.

Em janeiro, o ministro francês do Meio Ambiente, Brune Poirson, prometeu criar uma lei para combater os resíduos, depois que um documentário mostrou a Amazon destruindo milhões de produtos que haviam sido devolvidos pelos consumidores. Com imagens feitas por câmeras escondidas, o documentários apresentado pelo canal francês M6 mostrou contêineres de produtos não vendidos ou devolvidos em um depósito da Amazon e sendo enviados para destruição, sob acordos assinados entre a gigante online e varejistas terceirizados.

No ano passado, a marca britânica de moda Burberry também chocou o mundo ao revelar que queimava 28,6 libras por ano em roupas, acessórios e perfumes não vendidos para evitar que fossem vendidos com preços mais baixos. O objetivo era manter a exclusividade da marca e a mística do luxo e mais tarde ficou claro que a prática é relativamente comum na indústria.

O gabinete do primeiro-ministro francês disse que estão previstos acordos especiais para o setor de luxo. Haverá exceções para produtos que não podem ser usados ​​após uma determinada data.

O presidente da França, Emmanuel Macron, vem tentando se mostrar um simpatizante do movimento verde, especialmente na luta contra as mudanças climáticas, mas sua imagem ficou manchada após o ativista Nicolas Hulot, nomeado ministro do Meio Ambiente por Macron, ter deixado o governo de forma abrupta em agosto do ano passado, alegando que seus companheiros de equipe estavam fazendo muito pouco para frear a mudança climática.