Anaïs Lerévérend
23 de fev. de 2018
Fosun quer fazer da Lanvin sua marca principal
Anaïs Lerévérend
23 de fev. de 2018
O grupo registrou um faturamento de 9,4 bilhões de euros em 2016 e pretende adicionar um novo nome à sua lista de marcas: a grife de luxo La Perla, especializada em lingerie, que expandiu sua atividade para o prêt-à-porter feminino, e iniciou negociações exclusivas com a Fosun em dezembro do ano passado. Embora este período de negociações já tenha terminado, nenhuma das duas envolvidas comentou sobre o assunto até o momento.
As duas são marcas de luxo, um campo em que o grupo já se aventurou com a joalharia Fabergé e a marca americana St John, especializada em tricô. O restante das participações da Fosun são muito mais diversas em termos de posicionamento. A Iro, na qual grupo chinês é acionista majoritário desde o verão de 2016, está focada no segmento de prêt-à-porter premium e misto, com 36 lojas no mundo. O setor high-end também é o alvo da Caruso, uma grife masculina italiana. Enquanto a marca de acessórios e jóias gregas Folli Follie é mais acessível, e a alemã Tom Tailor, na qual o grupo é o maior acionista, com 30%, é uma marca de massa.
O Fosun Fashion Group opera, portanto, em vários setores simultaneamente, tanto em termos de tamanho das empresas como posicionamento. Mas, a Lanvin deve se tornar a nova referência do grupo em sua divisão de moda, pois a marca parisiense oferece notoriedade, historia e potencial internacional aos olhos de seu novo proprietário.
Até o momento, sua principal marca era o Clube Med, fundado em 1992 por estudantes da prestigiosa universidade Fudan, em Xangai. O conglomerado adquiriu em 2015 a empresa francesa especializada em hotelaria e lazer. Desde então, a empresa desenvolveu suas atividades na China e tem tido um grande êxito. Como explica um porta-voz do grupo, fazendo referência ao que poderia ser a estratégia a ser seguida com a Lanvin. "Este é o melhor exemplo do que a Fosun pode e quer fazer. A estratégia para o Club Med e a Lanvin é similar: trabalhar em estreita colaboração com a marca, dar o apoio necessário e desenvolvê-la internacionalmente, naturalmente na China, mas não somente lá. Como fizemos no Japão, onde abrimos a mais nova 'cidade de férias’”.
O apoio financeiro é primordial para que a Lanvin se recupere enquanto a situação contábil da marca ainda for precária, para mais tarde desenvolve-la. No momento, não há dicas sobre o posicionamento da empresa para as coleções: ainda será preciso descobrir se o novo proprietário validará a mudança de direção criativa feita com a chegada de Olivier Lapidus na direção da moda feminina no verão passado, que recebeu muitas críticas e acentuou a queda nas vendas.
Entre 2013 e 2017, a Fosun registrou ao menos 13,5 bilhões de dólares (11 bilhões de euros) em aquisições no exterior, de acordo com a empresa financeira Dealogic. O frenesi de aquisições em setores diversos, financiadas principalmente através de dívidas, acabou preocupando os reguladores chineses, que decidiram verificar os riscos contraídos pelos grandes conglomerados privados do país. Mas, em agosto do ano passado, o CEO da Fosun, Wang Qunbin, negou "uma investigação formal dos reguladores" contra o grupo.
O emblemático presidente da Fosun, Guo Guangchang é, segundo a revista Forbes, o 16º chinês mais rico do mundo, com ativos de cerca de 9 bilhões de dólares. Bem conectado politicamente, ele é visto como um oráculo do mercado, e qualificado como o "Warren Buffett” do país. Seu misterioso desaparecimento por vários dias no final de 2015 teve o efeito de um trovão na comunidade empresarial. Fosun declarou que Guo Guangchang estava "ajudando em investigações judiciais". O bilionário ressurgiu pouco depois.
Isso não extinguiu a sede de investimento do multimilionário, que adquiriu a Lanvin, e provavelmente fará o mesmo com outras empresas de moda.
Anaïs Lerévérend com AFP
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