Feminilidade fresca da Chanel sobrevive a invasão da passarela
A Chanel pareceu um grande filme clássico, de espionagem ou comédia romântica passado nos telhados de Paris esta manhã. Teve inclusivamente direito a uma invasão da passarela e a grande heroína foi Gigi Hadid, interpretando o papel de Harrison Ford no filme de Polanski, Frantic.
Mostrando grande coragem, Hadid impediu que uma jovem mulher com um fato xadrez e um chapéu estilo Chanel, posteriormente identificada por várias fontes como a comediante e estrela do YouTube Marie S'Infiltre (Marie Infiltra-se), invadisse o final do desfile. Primeiro, a olhando severamente e depois, educada, mas confiante, lhe convidando a sair da passarela para levá-la até os seguranças.
Esta coleção primavera-verão 2020 da Chanel foi a terceira de Virginie Viard, que sucedeu ao falecido Karl Lagerfeld após a sua morte em fevereiro. Foi, sem dúvida, também o seu maior sucesso: a designer conseguiu incutir uma boa dose de feminilidade e descontração na coleção.
Algo que se refletiu nos looks de abertura, costumes clássicos Chanel, em tweed, mas desta vez os casacos trespassados foram usados com calções curtos. Indiferentes, as modelos desfilavam com as mãos nos bolsos, com sapatos rasos nos pés e a tez iluminada pelo tweed aos quadrados declinado em cores vivas.
Visivelmente confiante, Virginie Viard também criou uma silhueta nova e elegante: tops curtos munidos de folhos na cintura, usados com saias ou culottes - princípios vistos em fatos de lã e vestidos de festa. A estilista também recorreu ao preto, principalmente num vestido de corte impecável, visto numa modelo que usava na perfeição um chapéu de palha num alegre ângulo de 45 graus.
Mas, nem tudo funcionou - como a camisas de flamenco em denim e uma série de vestidos com um estampado do famoso logótipo - mas, no geral, vimos uma demonstração de uma designer que tira o melhor partido do seu estúdio. E de si mesma.
Hadid enfatizou esse estado de espírito, desfilando com um mini casaco bolero com lantejoulas sobre uns calções com uma pesada corrente dourada, meias pretas e sapatos de salto alto de couro envernizado. Mal sabia ela que, minutos depois, iria desempenhar um papel mais dinâmico, impedindo efetivamente que o desfile se transformasse em piada.
Embora o elenco contasse com todas as principais modelos do momento, esta seleção parecia mais excêntrica, mais jovem e fresca. Em todos os momentos, davam a sensação de serem jovens que gostam de se vestir para sair e enfrentar o dia.
Virginie Viard teve a ideia da decoração gigantesca enquanto admirava a vista do telhado do atelier da Chanel, na rue Cambon. Na sua coleção, incluiu até uma impressão escura de telhados, chaminés e janelas. Também foi muito respeitosa com o ADN da Chanel, aludindo à combinação bastante singular de independência e luxo incutida no seu tempo por Coco, uma certa classe inata, suavizada por um toque de impertinência francesa.
"Pensei muito em Paris, e o que é mais parisiense do que os seus telhados? Temos a sorte de podermos apresentar as nossas coleções no Grand Palais, então por que não construir um verdadeiro cenário cinematográfico? Ao trabalhar na coleção, pensei em Kristen Stewart, mas também em Jean Seberg", explicou Virginie Viard, descendo da passarela.
No final do desfile, nenhuma multidão delirante: Virginie Viard desapareceu discretamente, de braço dado com um amigo, através do portão principal do Grand Palais. Longe de ser uma rock star mediática como tantos outros colegas - ou o seu antecessor -, mas uma verdadeira profissional, que propôs uma coleção mais do que convincente.
Não duvidamos: Karl teria aprovado.
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